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Ameaças de morte fazem Zelaya desistir de voltar a Honduras

'Fazer-me presente seria um risco. Eles ameaçaram me eliminar, me assassinar em território nacional', disse

Por Efe
Atualização:

O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, disse nesta quinta-feira, 13, após um encontro com a chefe de Estado do Chile, Michelle Bachelet, que por enquanto descartou voltar ao país, já que recebeu ameaças de morte.

 

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"Fazer-me presente seria um risco. Eles ameaçaram me eliminar, me assassinar em território nacional", disse Zelaya, que almoçou no Palácio da Moeda, sede da Presidência chilena, com vários políticos locais.

 

A visita que Zelaya fez nesta quinta-feira a Santiago do Chile foi parte da campanha que iniciou para reforçar a pressão sobre o Governo de fato de Roberto Micheletti, no poder desde o golpe de Estado de 28 de junho.

 

O presidente deposto, recebido por Bachelet com honras de chefe de Estado, num novo gesto da colega à restauração da ordem democrático em Honduras, disse ainda que a comunidade internacional pode tomar mais "medidas comerciais e de direito penal internacional" contra os golpistas.

 

Ele também reiterou um apelo feito ontem durante um encontro em Brasília com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao ressaltar que "grande parte das soluções para este ataque à democracia estão nas mãos dos EUA".

 

Segundo Zelaya, as autoridades americanas foram "claras ao condenar" o golpe, mas "as medidas foram mornas".

 

Especificamente, ele se referiu às iniciativas comerciais, já que 70% da economia hondurenha está atrelada aos EUA.

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Após as declarações de Zelaya, o chanceler interino do Chile, Alberto Van Klaveren, compareceu à imprensa para reafirmar que, para seu país "qualquer processo eleitoral convocado pelo Governo de fato estará irremediavelmente viciado".

 

Minutos antes, Zelaya e Bachelet almoçaram com os presidentes dos partidos políticos chilenos, líderes do Congresso e os titulares das comissões de Relações Exteriores do Senado e da Câmara dos Deputados.

 

Zelaya agradeceu o apoio dos políticos e do Governo chileno, que ontem pediu ao embaixador de Honduras em Santiago, Francisco Martínez, que entregasse suas credenciais diplomáticas depois de ter feito declarações a favor de Micheletti.

 

Bachelet, além de reiterar "o reconhecimento do Chile a Zelaya como o presidente democraticamente eleito pelos hondurenhos", manifestou seu apoio às ações tanto do presidente costarriquenho, Óscar Arias, como do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza.

 

O Acordo de San José, proposto por Arias como solução para a crise hondurenha, inclui, entre outros passos, a restituição de Zelaya à Presidência, ponto que o Governo de Micheletti descarta totalmente.

 

O Governo de fato também se recusou a receber Insulza como membro da delegação de seis chanceleres que viajaria a Honduras na última terça-feira. Para os golpistas, o chefe da OEA não é neutro em relação ao conflito pelo qual o país passa.

 

A visita de Zelaya ao Chile coincide com a viagem que o chanceler chileno, Mariano Fernández, fez ontem à noite a Washington para se reunir com Insulza e autoridades dos EUA para conversar sobre a situação em Honduras.

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Ao chegar nesta quinta-feira ao aeroporto de Santiago, Zelaya destacou a "coragem" de Insulza de buscar uma solução para o conflito em seu país e acusou a regime de Micheletti de ter "desprezado" o secretário da OEA quando este foi a Tegucigalpa.

 

Já nos arredores do Palácio da Moeda, junto ao monumento ao presidente socialista Salvador Allende, morto em 1973 durante o golpe de Estado de Augusto Pinochet, Zelaya cumprimentou dezenas de pessoas que foram apoiá-lo.

 

Após um inesperado discurso, durante o qual utilizou um megafone para expressar sua "admiração e respeito" ao Chile, Zelaya retornou à entrada do Palácio, onde era aguardado por Bachelet.

 

As atividades de Zelaya no Chile continuarão com um encontro com estudantes da Universidade do Chile e com a Fundação Chile 21, cujo fundador é o ex-presidente Ricardo Lagos (2000-2006), proposto pela Chancelaria chilena como mediador para o conflito em Honduras.

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