CARACAS - O comando militar venezuelano prometeu "apoio incondicional" à decisão do presidente Hugo Chávez de romper relações com a Colômbia e garantiu que qualquer invasão estrangeira despertará "uma reação contundente". Mas durante todo dia de ontem a situação na fronteira entre os dois países permaneceu "normal", de acordo com os governos da Venezuela e da Colômbia.
Além de revogar todos os laços diplomáticos com Bogotá, Chávez anunciou na quinta-feira "estado de alerta máximo" na região da fronteira. Mas o fluxo de pessoas e veículos nos principais pontos de passagem segue inalterado, segundo autoridades locais.
Nenhum incidente violento na região foi noticiado. A única anormalidade relatada foi a suspensão do serviço de aduana em alguns locais do lado venezuelano da fronteira.
Apesar da calmaria, o ministro da Defesa da Venezuela, general Carlos Mata Figueroa, anunciou, ao lado do alto-comando militar, que o "estado de alerta" não foi suspenso. Segundo Figueroa, os soldados venezuelanos estão "dispostos a obedecer a qualquer momento" às ordens de Chávez.
À TV venezuelana, o vice-presidente Elías Jaua declarou que as patrulhas na região de fronteira "continuam normalmente, mas obviamente em estado de alerta".
A procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega, afirmou que a segurança nos "Estados fronteiriços com a Colômbia" já havia sido reforçada para evitar a entrada de "drogas e soldados irregulares". No entanto, segundo o jornal El Universal, de Caracas, a presença militar venezuelana na fronteira não aumentou entre o anúncio de ruptura de relações, na tarde de quinta-feira, e o fim do dia de ontem. Estima-se que 20 mil militares venezuelanos estejam posicionados ao longo dos 2 mil quilômetros de divisa com a Colômbia.
Prejuízo. Do lado colombiano, a situação parecia ser semelhante. "Aqui, a fronteira está aberta", disse o governador do Departamento do Norte de Santander, William Villamizar.
Em Ureña, cidade por onde passa boa parte do comércio entre os vizinhos, a aduana foi suspensa, informou Isidoro Teres, presidente da Câmara de Comércio da cidade. Ele criticou o "estado de incerteza" sobre o controle fiscal por parte das autoridades venezuelanas. "Mas o trânsito de pessoas e veículos continua normalmente", completou Teres.
Companhias aéreas também operavam ontem normalmente seus voos entre Venezuela e Colômbia.
O comércio bilateral entre os países já vem sofrendo nos últimos anos. Segundo projeções da revista colombiana La Semana, transações entre Colômbia e Venezuela devem recuar neste ano para os níveis de 2003 - menos de US$ 3 bilhões.