19 de julho de 2010 | 17h55
CARACAS- O arcebispo de Caracas, Jorge Urosa Savino, recusou nesta segunda-feira, 19, o convite da Assembleia Nacional para "apresentar provas" da declaração de que o presidente Hugo Chávez está atropelando a Constituição e levando o país pelo caminho do socialismo marxista. O religioso, no entanto, se disse favorável a um "diálogo sereno e respeitoso".
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"Dado o ambiente tenso que caracterizou o debate realizado na sessão da Assembleia de 13 de julho, respeitosamente o recuso (o convite do Parlamento), pois não estão dadas as condições de serenidade necessárias para um diálogo proveitoso", disse Urosa em um comunicado.
A tensão entre a Igreja venezuelana e o governo chavista começou em julgo, quando Urosa disse que Chávez estava violando a Constituição ao querer impor uma ditadura comunista no país, ao que o governante respondeu chamando o cardeal de "troglodita" e "indigno".
Urosa se disse hoje a favor de "um mecanismo de diálogo sereno e respeitoso" entre os deputados da Assembleia, de maioria governista, e membros do episcopado venezuelano.
Para este encontro, o arcebispo de Caracas propões "um espaço institucional fixado de comum acordo, onde haja condições de serenidade para um diálogo proveitoso e no marco do respeito mútuo".
Logo após do comunicado de Urosa ter sido divulgado, a presidente da Assembleia, Cilia Flores, chamou de "desculpa" a recusa do cardeal e disse que ele "está convidado muito cordialmente (...). O garantimos toda a segurança e respeito devido".
Ontem, em seu programa dominical Alô Presidente, Chávez voltou a condenar Urosa, ao afirmar que por trás do "jogo" do cardeal está um golpe de Estado.
Na quarta passada, o líder pediu ao chanceler Nicolás Maduro que revise um convênio com o Vaticano, no qual o Estado concedeu "certos privilégios" à Igreja para o financiamento de obras sociais.
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