
07 de março de 2008 | 13h36
O presidente colombiano, Álvaro Uribe, enviou nesta sexta-feira, 7, "uma saudação afetuosa ao Equador" e reconheceu que não avisou o presidente equatoriano, Rafael Correa, sobre a operação militar contra as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em território do Equador pois a ação "teria fracassado" caso ele fosse avisado. Uribe afirmou ainda que a guerrilha financiou a campanha de Correa à Presidência. Após a acusação do presidente colombiano na Cúpula do Grupo do Rio, Correa se retirou da Assembléia e Uribe esperou que ele retornasse para continuar seu discurso. Correa então tomou a palavra e disse que não se pode acreditar em "alguém que já disse tanta mentira". "Estas mãos não estão sujas de sangue", retrucou, segundo a agência France Presse. "Meu governo não colaborou com as Farc, as mentiras se derrubam por si sós", concluiu Correa. Equador anuncia prisão de 5 membros das Farc Uribe tenta obter apoio no Grupo do Rio Dê sua opinião sobre o conflito Por dentro das Farc Entenda a crise Histórico dos conflitos armados na região 'É possível que as Farc se desarticulem' Embaixador brasileiro Osmar Chohfi comenta decisão da OEA Uribe se recusou a posar para a foto oficial da Cúpula do Grupo do Rio com os outros líderes. Na fotografia, os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Nicarágua, Daniel Ortega, aparecem juntos e, em outro lado, está Rafael Correa. O encontro teria como foco original a energia e outras questões, mas o centro das atenções deve ser a crise diplomática deflagrada pela incursão militar colombiana em território equatoriano na qual foram mortos o número 2 das Farc, Raúl Reyes, e mais de duas dezenas de rebeldes. Em seu discurso, Chávez disse que já é tempo de encerrar a crise "de que podemos nos arrepender". Ele anunciou que recebeu provas de vida de seis reféns das Farc. O presidente do México, Felipe Calderón, exigiu que se investigue a presencia de mexicanos no acampamento de Reyes. Ao chegar em Santo Domingo, Correa pediu que a 20ª cúpula do Grupo do Rio dê "satisfações ao Equador devido à agressão da Colômbia e à violação a sua soberania". Correa acrescentou que espera que "seja criado um precedente para nunca mais seja permitido que um país se ache com o direito divino de perseguir o que eles acreditam que são terroristas por todos lados, e que permite agredir um país irmão". Mediações Nesta manhã, Chávez defendeu o esfriamento das tensões com a Colômbia e previu que o encontro de presidentes latino-americanos na capital da República Dominicana "será positivo". Ortega, que rompeu suas relações diplomáticas com a Colômbia, exigiu "uma condenação" contra a Colômbia devido à agressão sofrida pelo Equador. Acrescentou que o pedido de desculpas não foi sincero, e lembrou que Uribe repetiu suas intenções e seu governo manifestou "que estão dispostos a realizar ações terroristas, quando assim avaliarem". "Ou seja, estariam regionalizando a guerra. Acho que temos que apostar na paz, que seja formado um grupo como ocorreu na América Central, um grupo que trabalhe a favor da paz e que acabe com estas ações do governo colombiano", acrescentou. O presidente da República Dominicana, Leonel Fernández, abriu o encontro com uma mensagem a favor da reconciliação para resolver os problemas sul-americanos. Em meio à crise diplomática, Fernández afirmou que a cúpula representa uma "extraordinária oportunidade para consolidar as relações entre os povos, fortalecer as ações de cooperação e sustentar as posições de consenso". A cúpula começou com quase duas horas de atraso, em virtude da reunião de Leonel Fernández com Hugo Chávez e Daniel Ortega, em busca de um consenso na declaração sobre a crise andina. Venezuela e Equador também romperam relações diplomáticas com Bogotá e enviaram tropas às fronteiras com a Colômbia, que por sua vez acusa os dois vizinhos de colaborarem com a guerrilha. Os três países dizem, porém, que não desejam uma guerra. "É claro que nesta reunião se pode pôr fim ao conflito. É tão fácil quanto escutar as desculpas sem atenuantes, sem condições, sem falácias por parte do presidente Alvaro Uribe", disse Correa ao chegar a Santo Domingo. Na quarta-feira, o Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou resolução que rejeita a incursão colombiana, mas sem condená-la abertamente. Por isso, Correa disse que está disposto a ir até "as últimas conseqüências" para obter a reprovação internacional a Bogotá. Uribe, principal aliado dos EUA na América do Sul e popular na Colômbia graças à linha-dura contra a guerrilha e a criminalidade, disse que já se desculpou e que a Colômbia gostaria de ter maior cooperação de seus vizinhos na luta contra as Farc. Matéria ampliada às 16h58.
Encontrou algum erro? Entre em contato