02 de agosto de 2007 | 08h09
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, anunciou nesta quarta-feira, 1, em Porto Príncipe que recomendará ao Conselho de Segurança o prolongamento por mais 12 meses do mandato da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah). Durante uma entrevista coletiva na sede de governo, ao lado do presidente haitiano, René Préval, Ban Ki-moon explicou que é necessário "promover o compromisso de longo prazo para dar ao povo do Haiti as oportunidades que merece". "Chegou a hora de reconstruir as instituições que foram destruídas por anos de corrupção e violência, para que o Estado haitiano possa prestar os serviços que o povo espera", disse o secretário, acrescentando que "as Nações Unidas não deixarão o Haiti antes de garantir o seu futuro". A posição de Ban Ki-moon foi apoiada por Préval. O presidente afirmou que os haitianos não gostam de tropas estrangeiras em seu território, mas também não querem que a Minustah saia agora. "Devemos assumir nossa situação, assumir que precisamos de ajuda, que nossa capacidade é insuficiente", disse o governante. Préval, no entanto, quer redefinir o mandato da Minustah, reforçando as tarefas de desenvolvimento. Estabilidade Na entrevista à imprensa, Ban Ki-moon se declarou "feliz" por comprovar pessoalmente os esforços da ONU no Haiti. Ele ainda elogiou a "liderança" de Préval e do primeiro-ministro haitiano, Jacques Edouard Alexis, no processo de diálogo, além de seus esforços para "criar uma cultura política baseada no consenso e na participação de todos os setores da nação". Na sua opinião, a estratégia é "essencial" para a estabilidade política no empobrecido país caribenho. O Secretário-geral ressaltou a importância de "consolidar resultados na área da segurança" e pediu a "aceleração" da consolidação do estado de direito, que ressaltou como "prioridade do mandato da Minustah". Apesar do sucesso no desmantelamento dos grupos armados, Ban Ki-moon reconheceu a "fragilidade" da segurança no Haiti. Por isso, pediu mais efetividade da Polícia para manter a ordem e a lei. Em seguida, prometeu a ajuda da ONU para reforçar a segurança. Os "elementos-chave" na reforma da Polícia serão o processo de pré-seleção de agentes e o programa de correção interna, apontou. "É fundamental demonstrar que práticas de corrupção não serão toleradas no aparelho judicial, sobretudo no momento de pré-selecionar os soldados da Polícia", lembrou. Ban Ki-moon prometeu a ajuda das Nações Unidas na organização das próximas eleições no Haiti e para criar condições de aplicar uma estratégia nacional de desenvolvimento de zonas urbanas pobres. O secretário-geral da ONU expressou além disso seu "firme" apoio ao presidente Préval em sua luta contra a corrupção, que considerou "fundamental" na tarefa de saneamento do Estado, e encorajou ao governo a "lançar uma campanha nacional contra a corrupção". Nesta quinta-feira, Ban visitará o bairro pobre de Cité Soleil, onde quer "comprovar em primeira mão a evolução dos projetos sociais e de desenvolvimento realizados por agências internacionais", segundo o comunicado. Entre elas, estão o Fundo da ONU para a Infância (Unicef), a Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e a Organização Internacional para a Migração (OIM). Em 2004, o Conselho de Segurança da ONU enviou a Minustah, uma força multilateral criada para restabelecer a ordem após a revolta que levou à saída do país e da Presidência de Jean Bertrand Aristide. O Brasil participa da missão desde o início. Em fevereiro, a ONU decidiu prorrogar o mandato da Minustah por oito meses, até 15 de outubro. Ban Ki-moon deve deixar o Haiti no início da tarde desta quinta-feira. Ao término da visita ao Haiti, ele deve visitar Barbados, país que ocupa a Presidência da Comunidade do Caribe (Caricom). Lá, secretário-geral encontrará o primeiro-ministro, Owen Symour Arthur, além do ministro de Assuntos Exteriores e a equipe da ONU no país caribenho, o mais pobre da América.
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