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Bispos dos EUA pedem normalização de relações com Cuba

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Bispos dos Estados Unidos pediram na terça-feira ao presidente Barack Obama que não desperdice a oportunidade de normalizar as relações com Cuba, e aconselharam ambas as partes a buscarem inspiração divina para superar meio século de desconfiança mútua. Em visita a Cuba, representantes da Conferência de Bispos Católicos dos Estados Unidos disseram que Obama está sendo muito lento na sua promessa de um novo começo para as relações com a ilha. "Nesta conjuntura, há oportunidades e há que procurar que não se percam", disse o bispo de Orlando, Thomas Wenski, a jornalistas em Havana. "São quase 50 anos de falta de confiança de ambos os lados (...) É um monte de história para superar. Mas, para o bem de todas as pessoas separadas e de quem sofre por essa separação, esperamos que ambas as partes escutem seus melhores anjos", acrescentou. Os EUA romperam relações com Cuba logo depois da revolução que levou Fidel Castro ao poder, abrindo caminho para a implantação do regime comunista que perdura até hoje. Ao tomar posse, Obama prometeu "relançar" as relações com Cuba, e em abril anunciou a eliminação de restrições para viagens e remessas financeiras de cubano-americanos. Quatro meses depois, no entanto, a medida não foi implementada. Andrew Small, diretor para a América Latina da Conferência de Bispos Católicos dos EUA, disse que a lentidão de Obama se explica, em parte, porque seu governo está envolvido em um processo de revisão da sua política externa. "Eles parecem estar adotando a posição de se mover passo a passo. O que é algo preocupante, porque há tanto por fazer que se poderia pensar que não vão chegar muito longe", disse Small, que participou na segunda-feira de uma reunião com diplomatas norte-americanos em Havana. Os bispos dos EUA apoiam a suspensão do embargo comercial imposto há quase meio século por Washington a Cuba, mas Obama diz que manterá as sanções para tentar forçar Havana a se democratizar e melhorar a situação dos seus direitos humanos. O presidente cubano, Raúl Castro, respondeu neste mês que está disposto a conversar, mas sem pré-condições nem concessões ideológicas. A delegação de bispos norte-americanos chegou na segunda-feira a Cuba para uma visita de cinco dias, destinada a supervisionar a reconstrução de igrejas e paróquias danificadas pelos furacões do ano passado na ilha, obras para a qual a Conferência de Bispos dos EUA doou 860 mil dólares para essas obras. Cuba é um país majoritariamente católico. A Igreja manteve uma relação tensa com o regime comunista durante várias décadas, mas a situação foi gradualmente melhorando desde a visita do papa João Paulo 2o. à ilha, em 1998. Para o bispo Wenski, a situação atual "é melhor do que já foi, mas ainda não é o que poderia ser".

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