05 de outubro de 2012 | 16h39
A Anistia Internacional e a Comissão Cubana de Direitos Humanos disseram que Sánchez foi presa na tarde de quinta-feira em Bayamo, no sudeste da ilha, junto com seu marido, Reinaldo Escobar, e outro acompanhante.
"Yoani planejava cobrir nesta manhã a abertura do julgamento do político espanhol Angel Francisco Carromero Barrios para o jornal espanhol El País", disse a Anistia em nota. A ativista se tornou conhecida no exterior por causa das críticas ao regime comunista que faz no seu blog, o Geração Y.
Carromero, de 26 anos, é acusado de homicídio por causa do acidente de 22 de julho que matou Payá, de 60 anos, e outro ativista, Harold Cepero, de 31. Carromero pode ser condenado a pena de 1 a 10 anos de prisão, num caso que despertou grande atenção internacional.
A Anistia disse ter sido informada também da detenção de outro pequeno grupo de ativistas locais em Bayamo, "numa aparente tentativa de prevenir qualquer atividade dissidente durante o julgamento".
A blogueira Yohandry Fontana, simpática ao regime, havia comentado anteriormente a detenção de Yoani, dizendo que ela foi a Bayamo para "tentar uma provocação e um show midiático que prejudicasse o bom andamento do processo". Depois, Fontana disse que Yoani "continua detida", mas não entrou em detalhes.
As autoridades cubanas não se manifestaram sobre a detenção dela.
O porta-voz da Comissão Cubana de Direitos Humanos, Elizardo Sánchez, uma organização ilegal, mas tolerada, disse à Reuters que "o mais provável é que ao final de algumas horas os detidos sejam liberados, segundo a linha que seguiu o governo nos últimos tempos".
Autoridades judiciais disseram que a sentença de Carromero deve ser proferida no prazo de seis dias úteis. O político espanhol disse à Justiça que perdeu o controle do veículo que dirigia, num trecho rodoviário em obras, e que bateu contra uma árvore, sem ter culpa no acidente.
Acrescentou que dirigia numa velocidade entre 80 e 90 quilômetros por hora, contestando a versão oficial que aponta o excesso de velocidade como uma das causas do acidente.
Carromero e outro sobrevivente do acidente, o sueco Jens Aron Modig, desmentiram versões da família de Payá, segundo a qual agentes do governo colidiram contra o veículo em que o grupo viajava, empurrando-o para fora da estrada.
(Reportagem de Rosa Tania Valdés, em Havana; e de Nelson Acosta, em Bayamo)
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