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Bolívia e Irã reiteram aliança e evitam tema nuclear

Por CARLOS ALBERTO QUIROGA
Atualização:

Os presidentes da Bolívia e do Irã reafirmaram nesta terça-feira sua aliança "anti-imperialista" e prometeram uma maior cooperação econômica ao mesmo tempo em que evitaram se referir à crescente pressão internacional contra o programa nuclear iraniano. Depois de visitar o Brasil na segunda-feira, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, trocou elogios e promessas de relações "permanentes e profundas" com o colega boliviano Evo Morales. Afirmou que, apesar da distância geográfica, os "corações" e "pensamentos" de Irã e Bolívia estão "muito próximos." O presidente boliviano recebeu o iraniano em meio a uma intensa campanha para tentar se reeleger em 6 de dezembro. A viagem sul-americana de Ahmadinejad termina na quarta-feira na Venezuela, onde tem um forte aliado na figura do presidente Hugo Chávez. "Quero agradecer a Deus Todo-Poderoso porque, apesar de todas as dificuldades que provocam o imperialismo e os nossos inimigos, a colaboração entre os dois países está avançando cada dia mais", disse Ahmadinejad, em farsi, durante o principal evento da sua visita, a segunda a La Paz em dois anos. Morales, por sua vez, não poupou elogios às posturas "anti-imperialistas" de Ahmadinejad, nem citou as tensões entre o Irã e governos ocidentais que o acusam de tentar desenvolver armas nucleares -- algo que Teerã nega repetidamente. "Nossa vivência é de que onde há império não há desenvolvimento, onde há bases militares estrangeiras não há integração, tampouco paz social", disse Morales, quem expulsou há mais de um ano o embaixador dos Estados Unidos por suposta ingerência na política interna. Na segunda-feira, em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conclamou Ahmadinejad a participar do diálogo sobre a não-proliferação nuclear, mas manifestou apoio ao direito iraniano de desenvolver a energia nuclear para fins pacíficos. COOPERAÇÃO Morales e Ahmadinejad avaliaram programas de cooperação energética, industrial e social de mais de 1 bilhão de dólares, financiados por Teerã como parte de um acordo firmado há dois anos, segundo fontes oficiais. Ministros de ambos os países firmaram diante dos presidentes um acordo para incorporar o Irã a um comitê que estuda a exploração e industrialização da reserva de lítio do salar de Uyuni, o maior do mundo. Ainda não foram divulgados detalhes desse acordo nem de projetos previamente anunciados nos setores petroquímico e de produção de cimento, também financiados pelo Irã. Como primeiros frutos da cooperação, os dois presidentes viram pela TV a inauguração de uma usina processadora de leite na região cocaleira do Chapare e de um hospital da localidade de El Alto, nos arredores de La Paz. O governo boliviano informou também que, por ocasião da visita de Ahmadinejad, a estatal iraniana de petróleo inaugurou um escritório na cidade de Santa Cruz. (Reportagem adicional de Diego Oré)

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