23 de março de 2011 | 17h44
Embora o governo de Morales houvesse descartado a possibilidade de recorrer ao Tribunal de Haia para que interceda em sua petição de uma saída para o mar, Morales enfatizou que pedirá ajuda internacional em declarações na quarta-feira, o dia em que a Bolívia marca os 132 anos da perda de acesso ao Pacífico.
"A comunidade internacional deve entender que chegou o momento para que esta imensa ferida que nós, bolivianos, temos por nosso enclausuramento marítimo seja encerrada com base em um processo de conotações históricas que, com uma sentença justa e certeira, devolva a qualidade marítima a nosso país", disse o presidente.
"A luta por nossa reivindicação marítima que marcou nossa história deve incluir outro elemento fundamental, o de recorrer aos tribunais de órgãos internacionais demandando o direito a uma saída livre e soberana para o oceano Pacífico", acrescentou Morales.
Bolívia e Chile mantiveram diálogo sobre uma agenda de 13 pontos que inclui a questão marítima e foi tratada de forma muito reservada pelas chancelarias de ambos os países.
Essa agenda teve acordos importantes para Bolívia e Chile, como a integração fronteiriça, o livre trânsito nos portos e complementação econômica para lutar contra o contrabando, mas a questão da saída para o mar sempre foi adiada.
SEM AVANÇO
Morales admitiu pela primeira vez na quarta-feira que não houve avanços nas negociações sobre a saída para o mar. Ele havia pedido em fevereiro ao presidente chileno, Sebastián Piñera, que sua proposta relacionada à saída para o mar fosse apresentada antes de 23 de março.
"Apesar de 132 anos de esforço e de diálogo, a Bolívia não tem uma saída soberana para o Pacífico e, diante dessa realidade, é necessário dar um passo histórico pela esperança e bem-estar dos bolivianos", acrescentou.
Para isso, Morales anunciou a criação de uma direção geral de "reivindicação marítima" e informou ter instruído a Assembleia a aprovar com brevidade ratados e convênios internacionais que possibilitem essa missão.
A Guerra do Pacífico, que começou em 23 de março de 1879, resultou na perda para o Chile dos territórios costeiros bolivianos, seu único acesso a águas internacionais.
Bolívia e Chile não mantêm relações diplomáticas desde 1978, quando fracassou uma negociação sobre a questão marítima.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.