Câmara adia votação sobre referendo na Colômbia

Consulta pode possibilitar terceiro mandado a Uribe; votação deve ser retomada na terça

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Por Efe
Atualização:

A Câmara de Representantes adiou nesta quinta-feira, 27, pela segunda vez a votação do referendo sobre a possibilidade de o presidente colombiano, Álvaro Uribe, se candidatar a um terceiro mandato em 2010. A votação da iniciativa será abordada novamente na próxima terça-feira, dia 1º de setembro, em uma nova sessão da Câmara. Caso aprovado, o referendo deverá receber o aval também da Corte Constitucional.

 

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"Viremos ao plenário quantos dias e noites for preciso, aprovar o referendo é só uma questão de tempo", disse o representante do Partido Social de Unidade, Roy Barreras, aliado de Uribe.

 

Ao contrário da sessão de terça-feira, os deputados agilizaram o processo para determinar se cada um dos congressistas estava habilitado para votar o projeto, já que a maioria deles é investigada pela Suprema Corte. No entanto, a sessão não conseguiu estudar todos os casos e a votação ficou para a próxima terça-feira.

 

A sessão chegou a ficar sem luz durante um bom tempo, já que um blecaute atingiu a região onde fica a sede do Congresso.

 

Da mesma forma que em dias anteriores, o bloco uribista assegurou ter os votos necessários para levar adiante o referendo.

 

Um dos mais otimistas é o ex-comissário de paz Luis Carlos Restrepo, que agora é o presidente do Partido Social de Unidade. "Não tenho dúvidas de que o projeto sairá bem-sucedido do Congresso", assegurou Restrepo no segundo dia de sessões da Câmara de Representantes.

 

O conservador Efraín Cepeda afirmou também que as contas feitas dentro do partido asseguram que o referendo tem os votos necessários para ser aprovado.

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Opositores ao referendo como Jorge Rozo assinalam, porém, que esse projeto, pelo contrário, não reúne "os votos suficientes".

 

Cerca de 20 parlamentares do Partido Conservador ameaçaram votar contra o referendo, depois de a legenda ter cancelado a consulta interna para escolher candidato próprio para as eleições de 2010.

 

Os conservadores, que fazem parte da coalizão oficial, cancelaram a consulta interna à espera de uma definição sobre o referendo.

 

O presidente da Câmara, Edgar Gómez, assinalou que se buscará agilizar as discussões sobre os congressistas investigados pelo Supremo e assim realizar de maneira rápida a votação do referendo.

 

A existência de supostas compensações e pressões do governo sobre os deputados para que votem a favor do referendo foi denunciada nos últimos dias por vários políticos, inclusive por alguns que se

declaram seguidores de Uribe, mas não apoiam o terceiro mandato.

 

Na semana passada, o Senado aprovou o referendo sobre a reeleição em meio à retirada do esquerdista Pólo Democrático Alternativo (PDA) e do Partido Liberal (PL).

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De todos os modos, se a Câmara, em sua próxima sessão, aprovar o texto do referendo, a iniciativa fica para o exame da Corte Constitucional, que o submeterá a um estudo para verificar se está

de acordo com o que diz a Carta Magna.

 

A corte terá, então, entre 60 e 90 dias para entregar sua posição e, caso aprove, o governo deverá fazer um decreto que permita a consulta.

 

Uribe chegou ao poder ao vencer as eleições em 2002 e, já no governo, impulsionou uma reforma constitucional para permitir a reeleição, o que conseguiu em 206.

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