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Candidata argentina transforma julgamento em palanque

Por FIONA ORTIZ
Atualização:

Uma candidata a presidente da Argentina que faz críticas contumazes ao governo de Néstor Kirchner e promete acabar com a corrupção encontrou um palanque diferente para tentar impulsionar sua combalida campanha: o julgamento em que era ré por difamação. A ex-deputada esquerdista Elisa Carrió, que aparece em terceiro lugar nas pesquisas, foi absolvida na noite de segunda-feira das acusações movidas por um empresário da pesca da Patagônia, que ela havia acusado de envolvimento no assassinato de um concorrente. Carrió advogou em causa própria e usou o julgamento, transmitido pela TV, para atacar Kirchner, cujo governo enfrenta vários escândalos de corrupção, e a mulher dele, a senadora Cristina Fernández de Kirchner, favorita na eleição presidencial de outubro. "Estou contente de estar sentada aqui, processada, para testemunhar mesmo que sob risco para minha própria carreira política", disse Carrió nas suas longas alegações finais, citando a história grega, medieval e do Holocausto. O julgamento durou uma semana e analisou as declarações feitas por ela de que o empresário nunca havia sido investigado por homicídio porque estaria ligado ao governo Kirchner. Hábil oradora, dada a exortações religiosas, Carrió se apresentou como alguém que luta por justiça. Disse não ter difamado o empresário quando pediu aos promotores que o investigassem. Carrió, do partido ARI (Afirmação por uma República Igualitária), aparece com 8 por cento das intenções de voto para as eleições de 28 de outubro, praticamente empatada com o ex-ministro da Economia Roberto Lavagna. Cristina Kirchner lidera, com 48 por cento. (Reportagem adicional de Damian Wroclavsky, Kevin Gray e Cesar Illiano)

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