Capriles critica 'socialistas da boca para fora' na Venezuela

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O candidato de oposição à Presidência da Venezuela, Henrique Capriles, acusou nesta quarta-feira os atuais governantes do país de serem falsos revolucionários que estariam explorando a ideologia socialista do falecido Hugo Chávez para enriquecerem. Em desvantagem nas pesquisas para a eleição do dia 14, Capriles tem elevado o tom contra o rival Nicolás Maduro, presidente interino do país, e outras autoridades, a quem acusa de serem corruptos e incompetentes para resolverem problemas básicos da Venezuela. "Aqui falam de socialismo da boca para fora, porque veja você como vivem esses bem relacionados, como se vestem, em que carros andam, quantos guarda-costas têm", afirmou ele num ato de campanha com um dos raros grupos de esquerda que o apoiam. "Falam de socialismo, mas sua conduta, eu diria, é de capitalista selvagem, capitalista que adora viajar", acrescentou. O político de 40 anos, governador do Estado de Miranda, está tentando convencer o eleitorado de que Maduro é muito diferente de Chávez, que morreu de câncer há um mês, após governar a Venezuela por 14 anos. Mas a morte de Chávez ainda causa comoção e Maduro se apresenta como "filho" e "apóstolo" do presidente que, antes de morrer, o indicou expressamente como herdeiro político. No entanto, o ataque de Capriles nesta quarta-feira toca em uma queixa comum da base chavista, que vê o alto escalão como alheio aos problemas populares e preocupado demais em consolidar seu próprio poder. "Minha luta é contra os corruptos", acrescentou Capriles. Perpetuando a retórica de classes tantas vezes adotada por Chávez, Maduro e seus apoiadores atacam Capriles chamando-o habitualmente de "burguesinho" e o acusam de ser um fantoche nas mãos da elite venezuelana e dos Estados Unidos. "O príncipe de Nova York está de malas prontas", disse Maduro em um comício nesta quarta-feira em Táchira, referindo-se a uma recente visita de Capriles a essa cidade dos Estados Unidos. "Onde ele arrumou dinheiro para ter uma mansão em Nova York?" Assessores de Capriles dizem que o luxuoso apartamento onde ele se hospedou pertence a um parente, não a ele próprio. Durante a campanha, Maduro não demonstra o mesmo carisma de Chávez, mas trata de aproveitar seus símbolos e imagens. A maioria dos seus comícios começa com uma gravação do hino nacional na voz do presidente morto. Nesta semana, sentado no jardim da humilde casa rural onde Chávez foi criado, Maduro disse que o líder lhe apareceu na forma de um passarinho, que voou sobre sua cabeça e cantou para o presidente interino enquanto este rezava numa capela. "Eu senti seu espírito, como uma bênção, dizendo que ‘a batalha começa hoje, adiante para a vitória, você tem a minha bênção'." Ele repetiu a história nesta quarta-feira, condenando a zombaria com a que oposição tratou o relato. "Deus lhes perdoe por seus maus modos e seu ódio", disse Maduro, um ex-motorista de ônibus e sindicalista de 50 anos. (Reportagem de Andrew Cawthorne)

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