O chanceler brasileiro, Celso Amorim, teve um bate-boca com a embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Susan Rice, na reunião desta sexta-feira, 25, do Conselho de Segurança da ONU. O incidente ocorreu logo depois de o chanceler brasileiro discursar na sessão extraordinária do órgão em que foi aprovada por consenso uma declaração pedindo o fim das intimidações do governo de facto hondurenho contra a Embaixada do Brasil em Tegucigalpa.
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"Este não é o local adequado para este tipo de representação", disse Rice para Amorim quando os dois já estavam de pé e parte dos embaixadores haviam se retirado para deliberar sobre a questão apresentada pelo Brasil. O chanceler brasileiro respondeu que "não faria uma discussão teórica sobre isso."
Depois de uma conversa inaudível, Amorim acrescentou - "se fosse a Embaixada dos Estados Unidos, você estaria muito irritada". Rice retrucou que "ainda assim não faria comentários". Amorim finalizou dizendo "vá em frente, faça a sua declaração."
Ao ser questionada pela Agência Estado sobre a discussão, Rice respondeu: "Tivemos uma conversa privada que não estamos preparados para partilhar com vocês". Horas mais tarde, em entrevista coletiva a jornalistas brasileiros, o ministro citou a resposta da embaixadora para não comentar o assunto.
Depois da discussão, Rice seguiu com outros embaixadores para uma reunião a portas fechadas dos 15 membros do Conselho de Segurança. Amorim não participou. Usando palavras quase idênticas às do ministro brasileiro em seu discurso de introdução, a embaixadora leu a declaração do conselho condenando "os atos de intimidação contra a Embaixada do Brasil" e pedindo ao "governo de fato de Honduras que encerre as ameaças" contra a missão brasileira.