Chávez chega à Colômbia para negociar reféns com as Farc

Presidente venezuelano tenta ajudar Uribe a intermediar acordo com a guerrilha para troca de prisioneiros

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Por Agências internacionais
Atualização:

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, chegou nesta sexta-feira, 31, a Bogotá para se reunir com o chefe de Estado colombiano, Álvaro Uribe, com o objetivo de avançar em um acordo humanitário para libertar os seqüestrados pela guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). O avião de Chávez aterrissou na zona militar do aeroporto de Bogotá, como estava previsto, às 10h (12h de Brasília), onde foi recebido pelo ministro das Relações Exteriores colombiano, Fernando Araújo. Em breves declarações na pista, após receber as homenagens de costume, Chávez afirmou que chega à Colômbia "com fé e otimismo", e o objetivo de "poder contribuir (...) na troca humanitária e no processo de paz na Colômbia". O presidente venezuelano, vestido informalmente com sua habitual camisa vermelha, e acompanhado por seu ministro de Exteriores, Nicolás Maduro, disse que estava "muito feliz, como sempre", por visitar um país do qual gosta tanto como a Colômbia. Depois deste rápido ato, Chávez, que evitou responder a perguntas, foi com sua comitiva à fazenda presidencial em Hato Grande, nos arredores da capital colombiana, para dar início às conversas. De acordo com sua agenda oficial, Chávez terá uma primeira reunião com Uribe e depois concederá uma entrevista coletiva. Em seguida, os governantes darão continuidade ao diálogo em um almoço. A busca de um acordo humanitário sobre os reféns, para a qual Chávez se prontificou para ser negociador há duas semanas, será o ponto central destes encontros, nos quais também serão discutidos assuntos comerciais, de fronteira e infra-estrutura. Após o fim das reuniões oficiais, fontes da Presidência disseram que Chávez se reunirá com líderes colombianos. As gestões para a negociação do acordo serão o centro deste encontro, o 10º de ambos desde agosto de 2002, quando Uribe assumiu seu primeiro mandato de quatro anos. Chávez tem mantido relações cordiais com o conservador Uribe, apesar deste ter laços estreitos com a administração Bush. Esperança francesa As Farc, o maior grupo guerrilheiro colombiano, mantêm reféns 45 pessoas, entre soldados, três agentes de segurança privados americanos e políticos, como a franco-colombiana Ingrid Betancourt. Em troca da libertação dos reféns, as Farc exige que o governo solte centenas de guerrilheiros, entre eles dois comandantes que estão detidos nos EUA. Na quarta-feira, Chávez recebeu o apoio do presidente francês, Nicolas Sarkozy, para realizar a negociação. Nesta sexta, o ministro francês do Exterior, Bernard Kouchner, evidenciou seu desejo de que a negociação de Chávez seja "ao menos útil", afirmou o venezuelano El Universal. Caso Chávez seja bem-sucedido na difícil missão, era pode expandir sua influência e melhorar sua imagem na região. Mas os riscos são muitos. Ele está pisando em campo minado do longo conflito civil colombiano e gerando esperanças entre familiares dos reféns, alguns mantidos há mais de quatro anos. Apesar de o governo dos EUA e outros críticos serem freqüentes alvos de sua retórica incendiária, Chávez dificilmente se envolve diretamente em assuntos internos de outros países. O encontro foi promovido pela senadora Piedad Córdoba, que em 15 de agosto foi autorizada pelo governo de Uribe a servir de "gerente" em uma eventual aproximação com as Farc. A legisladora, do opositor Partido Liberal, convidou Chávez para atuar como intermediário entre o Executivo colombiano e os rebeldes, que mantêm em cativeiro 45 pessoas, para serem trocadas por mais de 500 guerrilheiros presos. Ainda não se sabe se o chefe de Estado venezuelano traz alguma resposta das Farc a seu pedido público para que o grupo fizesse contato com ele. Córdoba também não descartou a possibilidade de Chávez se reunir com parentes de guerrilheiros da milícia presos na embaixada da Venezuela, em um ato extra-oficial. Os encontros podem prolongar a estadia de Chávez em Bogotá até esta noite, quando deve retornar a Caracas. A senadora disse nesta sexta à imprensa que o processo em favor dos reféns das Farc teve um "início promissor" com a atuação do presidente venezuelano. Ampliado às 15h.