18 de outubro de 2012 | 14h52
Lula, que governou durante dois mandatos que o consagraram como o presidente mais popular da história moderna do Brasil, disse ao jornal argentino La Nación que "para a democracia, a alternância de poder é uma conquista da humanidade e, por isso, é preciso mantê-la".
O ex-metalúrgico, que viajou a convite para a Argentina a fim de participar de uma reunião empresarial, disse: "Eu mesmo não quis um terceiro mandato". "Porque, se o tivesse, teria querido um quarto mandato e depois um quinto. Então, se quero para mim, é querer para todos."
Referindo-se à recente eleição presidencial na Venezuela, em que Chávez conquistou o direito de governar até 2019, Lula indicou acreditar que o governante socialista era a melhor opção para o país caribenho, mas considerou que a alternância seria positiva.
"Eu acreditava que Chávez seria melhor para a Venezuela. Agora creio também que o companheiro Chávez deve começar a preparar sua sucessão. Porque a Constituição permite que Chávez seja candidato por uma quarta vez, mas, quando ele perder, os adversários também poderão se candidatar quantas vezes quiserem, e isso acredito que não é bom", disse Lula.
Militar da reserva de 58 anos que afirma liderar uma revolução socialista, Chávez governa a Venezuela há 14 anos e obteve este mês uma cômoda vitória eleitoral para um novo mandato de 6 anos.
Lula, do Partido dos Trabalhadores (PT), ganhou popularidade no Brasil e elogios da comunidade financeira global por combinar políticas amigáveis aos mercados e planos sociais ambiciosos que ajudaram a tirar milhões de pessoas da pobreza. Ele governou por mandatos de quatro anos até 1o de janeiro de 2011, e sua enorme influência pavimentou o caminho para a eleição de sua sucessora e atual presidente Dilma Rousseff.
Na Argentina, o ex-presidente brasileiro reuniu-se com a mandatária Cristina Kirchner e funcionários do governo dela, e também saudou dirigentes da oposição.
Na entrevista ao La Nación, ao ser interrogado sobre o aumento veloz de preços na Argentina, Lula disse que "a inflação é uma desgraça para qualquer país e principalmente para os trabalhadores".
(Reportagem de Guido Nejamkis)
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