
11 de novembro de 2007 | 18h28
O presidente venezuelano Hugo Chávez disse neste domingo, 11, que o rei da Espanha, Juan Carlos, aprovou o golpe de Estado contra seu governo em 2002. A declaração acontece um dia depois de o monarca ter falado para que Chávez se calasse diante dos países participantes da Cúpula Ibero-americana. Veja também:Chávez diz que rei da Espanha não poderia mandá-lo se calar No último sábado, Chávez chamou o ex-primeiro ministro espanhol, José María Aznar, de "fascista" e foi criticado também pelo atual chefe do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero. Logo após a ofensa, o rei apontou o dedo para o venezuelano e disse: "Por que você não cala a boca?" Neste domingo, antes de volta à Venezuela, Chávez qualificou a reação do espanhol como "exagerada" e questionou se o rei "sabia do golpe de Estado contra o governo democrático e legítimo da Venezuela". O presidente do país sul-americano lembrou que, entre os apoiadores do golpe que tirou o presidente do poder por 48 horas em 2002 - quatro anos antes de ser reeleito democraticamente à Presidência. "É muito difícil pensar que o embaixador espanhol estivesse entre os apoiadores do golpe sem a autorização de sua majestade", afirmou. Editoriais de jornais da Espanha defenderam a atitude de Juan Carlos, falando que o "gesto sem precedentes" colocou o venezuelano "em seu lugar em nome de todos os espanhóis". Segundo o jornal de centro-direita El Mundo, "o rei enfrentou o líder venezuelano na presença de todos os presentes na Cúpula Ibero-Americana. Alguém já devia ter dito isso há muito tempo." "O rei já não se cala" foi a manchete da primeira página do jornal ABC. Para o jornal conservador, o rei Juan Carlos "defendeu a Espanha dos ataques de Hugo Chávez". Depois do ocorrido, o presidente venezuelano respondeu ao incidente dizendo que exigia respeito. "Exijo respeito, porque eu também sou um chefe de Estado e eleito democraticamente. Ele (o rei) é tão chefe de Estado quanto eu, com a diferença de que fui eleito três vezes", sustentou Chávez. Resposta do vice O vice-presidente da Venezuela, Jorge Rodríguez, chamou neste domingo de "vulgar e grosseira" a atitude. "Não pode vir ninguém com a grosseria e a vulgaridade de mandar o chefe do Estado venezuelano calar a boca, que não será calada por nada nem ninguém", disse Rodríguez à imprensa. "Esqueçam-se de veleidades imperiais. O senhor Juan Carlos pode tratar assim seus súditos, se eles permitirem, mas os venezuelanos são um povo livre e soberano", acrescentou Rodríguez. O vice-presidente venezuelano considerou que Chávez manteve uma posição "serena e responsável" no incidente e se limitou a deixar claro que não era gratuito ao qualificar de "fascista" o ex-premier espanhol, que também acusou de apoiar o golpe de Estado de abril de 2002 na Venezuela. "Como o presidente Chávez não vai denunciar o golpe de Estado que foi apoiado pelo presidente dos Estados Unidos e pelo chefe do Governo da Espanha, na época o senhor Aznar?", questionou o vice-presidente. "Temos que gritar para o mundo inteiro que aqui houve um golpe de Estado" que foi "ativamente apoiado" por Aznar e por George W. Bush, acrescentou. Sobre as repercussões do incidente, o vice disse que a vontade venezuelana é que "as relações políticas, econômicas e comerciais da Venezuela com a Espanha se mantenham com a mesma intensidade". Mas advertiu que "se as relações forem prejudicadas seria por culpa da Espanha e nesse caso quem sairia prejudicada seria a Espanha".
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