O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, reconheceu nesta sexta-feira, 19, que tem de lançar mão de seus "inimigos políticos", Estados Unidos e Colômbia, para enfrentar a severa crise energética que ameaça paralisar o país petroleiro.
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Três anos depois do desinvestimento no sistema elétrico nacional, o governo Chávez está se vendo superado por uma grave seca que derrubou a produção de energia hidrelétrica, de onde o país latino-americano obtém 70% de sua capacidade total de geração.
A Venezuela anunciou a compra de várias usinas elétricas da empresa norte-americana General Eletric, com capacidade de cerca de 400 megawatts (MW), que chegariam no primeiro semestre, e prepara a aquisição de novas unidades para alcançar 900 MW.
"Essas usinas não têm ideologia, não têm nada a ver (...) com as relações entre um governo e outro, simplesmente há uma lógica do funcionamento das coisas", explicou Chávez durante uma reunião do recém-criado Estado Maior Elétrico, transmitida na televisão estatal.
O mandatário venezuelano é um tenaz detrator de Washington e está há anos pedindo que seu país reduza sua dependência comercial do "império norte-americano" enquanto estreita suas relações com outros críticos da Casa Branca, como China, Irã e Cuba.
Chávez também disse estar disposto a comprar eletricidade da Colômbia, apesar de ter congelado as relações diplomáticas e comerciais com o país vizinho em 2009 em negação a um acordo de cooperação militar entre o governo do presidente Álvaro Uribe e Washington.
"Se nos oferecem e nos interessa, bom, o compramos. Não temos nenhum problema", disse o venezuelano, apesar de ter ordenado reduzir ao mínimo a importação de produtos colombianos meses antes.
Caracas também está trabalhando com seus aliados, comprando material da China e desenvolvendo com Cuba um projeto de bombardeio de nuvens para causar chuvas em áreas estratégicas.