Chávez recebe presidente da Síria para firmar acordos bilaterais

Bashar al-Assad ainda visitará Cuba, Brasil e Argentina em giro pela América Latina

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Por Efe
Atualização:

CARACAS- O presidente venezuelano, Hugo Chávez, recebeu neste sábado, 26, seu colega sírio, Bashar al-Assad, no Palácio de Miraflores, no início de uma visita na qual os dois líderes firmarão acordos de cooperação, primeira escala de seu primeiro giro pela América Latina.

 

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A visita do presidente sírio é "a continuação de um projeto estratégico de aliança, de um eixo em construção entre Damasco e Caracas", disse Chávez, que deu "as mais profundas, mais fraternas boas-vindas" ao governante que chamou de "companheiro".

 

"Sua visita nos honra", disse o mandatário venezuelano, que destacou que al-Assad cruzou o Atlântico pela primeira vez e "quis ele que seu primeiro ponto de chegada fosse Caracas, o berço de Bolívar, da revolução, da aliança bolivariana".

 

Chávez acrescentou que a civilização sul-americana e árabe "estão chamadas a cumprir um papel fundamental na libertação do mundo, na salvação do mundo" do que chamou de "imperialismo, a hegemonia neocapitalista".

 

O venezuelano homenageou o povo sírio, "que levanta a bandeira do socialismo árabe" e citou o pai do presidente, o falecido governante Hafez al-Assad, que "foi um dos grandes líderes do povo árabe".

 

Em resposta às palavras de Chávez, o presidente sírio se disse "feliz de cruzar o Atlântico pela primeira vez" e começar seu giro por Caracas para se encontrar "com o generoso e bondoso povo venezuelano, e com pessoas que vieram viver aqui, especialmente da Síria e do Líbano".

 

"Aqui há quatro gerações de sírios que vivem com o povo venezuelano com todo o respeito e dignidade; os venezuelanos não só os acolheram, mas também foram mais longe e apoiaram as causas árabes", disse.

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"A Venezuela está posicionada no mapa internacional, sempre a favor das causas justas e por isso meu agradecimento ao presidente Chávez e a todos que acolheram os cidadãos sírios", acrescentou al-Assad.

 

Antes de se encontrar com Chávez, o presidente sírio fez uma homenagem ao Libertador Simon Bolívar e outros próceres venezuelanos no Panteão Nacional, onde depositou flores no túmulo do herói nacional.

 

Al-Assad chegou na sexta a Caracas acompanhado por sua esposa e por vários ministros, e partirá amanhã com destino a Cuba para continuar um giro que também o levará ao Brasil e à Argentina.

 

Em seu encontro com Chávez, al-Assad deve firmar "vários acordos" bilaterais, segundo adiantou o embaixador sírio na Venezuela, Ghassan Abbas.

 

O diplomata negou que entre esses convênios esteja um para a construção de uma refinaria de petróleo venezuelano na Síria, como foi publicado nesta sexta pelo jornal Nacional de Caracas.

 

Chávez propôs a construção dessa refinaria durante sua segunda visita oficial à Síria, no ano passado, e o projeto, segundo Abbas, está em estudo. "Seu futuro depende do interesse dos sócios. Isto será definido na semana que vem em Damasco. Com a instalação os dois países ganhariam", disse o embaixador ao jornal.

 

De acordo com informações da imprensa, a refinaria seria construída com capitais venezuelanos, sírios, iranianos e malaios, e os 200.000 barris diários que produziria seriam destinados ao mercado sírio. A produção de petróleo síria supera os 400.000 barris diários.

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Abbas rechaçou que a visita do presidente sírio seja interpretada como um desafio a Washington, devido aos estreitos laços de Damasco e de Caracas com o Irã. "Não nos preocupa (a opinião dos Estados Unidos), nossa relação com o Irã é estratégica", afirmou o embaixador ao diário de Caracas.

 

Ele também negou que o giro de al-Assad tenha caráter anti-israelense ou tente irromper o isolamento que os Estados Unidos impõe a Síria.

 

Chávez visitou a Síria em agosto de 2006 e setembro de 2009. Durante a última viagem, o governante venezuelano firmou com o colega sírio uma série de acordos para reforçar a cooperação em áreas como economia, agricultura, meio ambiente e esportivo.

 

Em declarações públicas, al-Assad e Chávez reconheceram ter os "mesmos inimigos" e analisaram a possibilidade de mobilizarem-se a nível internacional para evitar que "os países poderosos queiram ditar o que quiserem e impor-se ao resto do mundo".

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