Colômbia adia votação do referendo sobre segunda reeleição

Motivo do adiamento foi a discussão para estabelecer que todos os parlamentares tivesse direito a voto

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Por Efe , Agência Estado e Associated Press
Atualização:

A Câmara de Representantes da Colômbia adiou para esta quarta-feira, 26, a votação do referendo que permitiria duas reeleições presidenciais, o que deixaria Álvaro Uribe tentar o terceiro mandato consecutivo.

 

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O adiamento foi devido às extensas discussões ocorridas até que se estabelecesse que todos os legisladores poderiam votar, já que alguns deles estão submetidos a uma investigação da Suprema Corte de Justiça.

 

Durante a sessão, o deputado opositor José Rozo disse ter recebido a oferta de uma funcionária do governo para que votasse a favor da iniciativa. Minutos depois, a denúncia foi desmentida pelo ministro de Interior e Justiça, Fabio Valencia, que reiterou a limpeza e a clareza do governo no debate do referendo.

 

Para a aprovação do projeto são necessários os votos de 84 dos 166 deputados. Segundo o legislador governista Roy Barreras, o Partido Social da Unidade Nacional, de Uribe, já tem assegurados pelo menos 90 votos, embora a frente de apoio ao presidente esteja dividida, já que alguns deputados acreditam que o terceiro mandato pode ferir princípios democráticos como a alternância de poder.

 

Na semana passada, o Senado aprovou o referendo sobre a reeleição em meio à retirada do esquerdista Pólo Democrático Alternativo (PDA) e do Partido Liberal (PL). Após ser aprovada na Câmara, a medida ainda deve ser submetida ao voto popular antes de ser consolidada.

 

Democracia

 

Os deputados da oposição fazem campanha contraa aprovação do referendo. "A possibilidade de um terceiro mandato é terrível", disse o deputado Guillermo Rivera, do opositor Partido Liberal. "É terrível para a democracia colombiana que uma pessoa se perpetue no poder", completou. "Com o referendo aprovado, não há dúvidas de que Uribe será presidente. Ele é um candidato imbatível", retrucou Barreras.

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Uribe nunca disse oficialmente que pretende se candidatar em 2010, mas também não desencorajou seus aliados que começaram a recolher assinaturas no ano passado para pedir o referendo sobre o terceiro mandato. Eleito pela primeira vez em 2002, ele conseguiu a aprovação da primeira reeleição presidencial no Congresso em 2004, após uma tentativa fracassada de obtê-la por meio de um referendo.

 

Seu segundo mandato teve início em 2006 e nele seus índices de popularidade chegaram a patamares ainda mais altos - alcançando 92% em julho de 2008, após a operação militar que resgatou 15 reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

 

Atualmente, sua aprovação continua alta - acima dos 70%. O motivo é o relativo sucesso da guerra às Farc e aos grupos paramilitares, que fez cair drasticamente o número de sequestros e homicídios no país.

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