Colômbia deve 'pedido de desculpa' ao Equador, afirma Amorim

Brasil pressionará na OEA por pedido de desculpas explícito e por criação de comissão para investigar episódio

PUBLICIDADE

Por João Domingos
Atualização:

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, informou nesta segunda-feira, 3, os dois pontos da posição que o Brasil apresentará na terça, na reunião da Organização dos Estados Americanos (OEA): que a Colômbia apresente um pedido de desculpas explícito e sem adjetivações ao Equador; e a criação de uma comissão de investigação da OEA para identificar qual país tem razão sobre o episódio que resultou na morte do líder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Raúl Reyes. Veja também:  Dê sua opinião sobre o conflito   Veja a repercussão na imprensa internacional      Por dentro das Farc  Entenda a crise entre Colômbia, Equador e Venezuela  Colômbia acusa Chávez de ter dado US$ 300 milhões às Farc OEA pede reunião para resolver crise entre Colômbia e Equador Chávez diz que morte de número 2 das Farc foi ato 'covarde' Perfil de Raúl Reyes, o 'número dois' das Farc O objetivo desta estratégia, informou, é distensionar a relação entre os dois países. Ele destacou que considera a OEA o foro adequado para resolver as questões entre os dois países. Segundo Amorim, o Brasil considera que houve violação territorial por parte da Colômbia o que, na sua opinião, "é algo condenável e muito grave". Ele não acredita que o impasse entre Colômbia e Equador resulte em um conflito armado. Amorim descartou a proposta para que a União Européia fosse o canal de negociação entre Equador e Colômbia. Ele disse que desconhecia a proposta e voltou a defender a participação da OEA nas negociações. Segundo ele, não é usual que países de outras regiões entrem nessas negociações antes de ser resolvido nos foros locais. Amorim contou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nas conversas que teve nesta tarde, com o presidente do Equador, Rafael Correa, e da Colômbia, Alvaro Uribe, falou sobre a necessidade de a OEA intermediar para conseguir uma solução para o conflito. Os dois presidentes, segundo relato de Amorim, não colocaram obstáculos à proposta de Lula. O chanceler brasileiro passou o dia em intensas conversas telefônicas com os chanceleres do Equador, Isabel Salvador, e da Colômbia, Fernando Araújo, com o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza. "No momento estamos empenhados em diminuir, mitigar e terminar o conflito entre Colômbia e Equador", disse. Celso Amorim afirmou ainda que a avaliação feita pelo governo brasileiro é de que não é o caso de enviar tropas para resolver o conflito Equador-Colômbia. "O problema tem que ser resolvido lá", afirmou. O chanceler brasileiro evitou fazer comentários sobre a atuação do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, no episódio. Também não quis avaliar as ações das Farc. Relações diplomáticas Raul Reyes, número 2 na hierarquia das Farc, foi morto por aviões colombianos, que atacaram o acampamento, localizado a 1.800 metros da fronteira colombiana com o Equador. Além do líder do grupo, outros 16 rebeldes foram mortos. Com os ataques, gerou-se uma crise entre as relações da Colômbia, Equador e Venezuela - os dois países enviaram tropas a suas fronteiras com a Colômbia no domingo, 2, e retiraram suas embaixadas do país. O Equador rompeu nesta noite suas relações diplomáticas com a Colômbia. "O governo do Equador decidiu romper relações diplomáticas com o governo da Colômbia a partir desta data", disse uma carta enviada pelo Ministério das Relações Exteriores do Equador a Bogotá. O Equador enviou 3.200 soldados para a fronteira, em uma inusitada mostra de força, e negou manter relações com as Farc. A Colômbia afirma que documentos encontrados no acampamento onde um líder das Farc foi morto mostraram evidências de que tanto a Venezuela quanto o Equador mantêm relações com a guerrilha. Segundo o governo colombiano, os documentos mostraram evidências de Chávez deu US$ 300 milhões aos guerrilheiros. Também afirmam que um dos documentos, datado de 18 de janeiro, diz que Reyes encontrou-se com o ministro da Segurança Interna do Equador, Gustavo Larrea, e que ambos discutiram os "interesses de Correa em manter relações oficiais com as Farc". O documento diria ainda que Correa está preparado para alterar seu comando militar, que recusa apoiar a Colômbia em sua condenação das Farc e que o presidente equatoriano quer envolver-se nos esforços para assegurar a troca de prisioneiros entre as Farc e o governo colombiano. O governo colombiano defendeu ainda a legitimidade do bombardeio, e garantiu que uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) autoriza ataques contra o terrorismo. Chávez, aliado de Rafael Correa, advertiu que a crise pode ser o início de um enfrentamento bélico na América do Sul. (Com agências internacionais) Matéria ampliada às 19h49.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.