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Colômbia diz que continuará tentando libertar reféns

Por LUIS JAIME ACOSTA E NELSON BOCANEGRA
Atualização:

A Colômbia anunciou na quinta-feira que continuará buscando a libertação de 49 reféns da guerrilha Farc, apesar de na noite anterior ter decidido suspender a mediação estabelecida pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez. O presidente Alvaro Uribe decidiu suspender a mediação de Chávez porque se irritou com o fato de o colega venezuelano ter telefonado sem sua autorização prévia para o comandante do Exército colombiano, Mario Montoya, para fazer consultas. "A decisão tomada pelo senhor presidente da República em nenhum momento deve ser entendida pelos familiares ou pela opinião pública como uma mudança no nosso propósito de obter a libertação dos sequestrados, essa continuará sendo nossa meta fundamental", disse o alto comissário do governo para a paz, Luis Carlos Restrepo, em entrevista coletiva. Parentes dos reféns -- alguns há quase dez anos no cativeiro -- esperavam que Chávez obtivesse a libertação deles, e por isso pediram que Uribe reconsidere a decisão. A senadora oposicionista colombiana Piedad Córboda, que ajudava Chávez no processo, disse ter recebido "um balde de água fria". "Que [Uribe] considere o presidente Chávez como um aliado da Colômbia, e não como rival, que reverta sua decisão [...] e volte a pôr a mediação de pé", disse Astrid Betancourt, irmã da ex-candidata a presidente Ingrid Betancourt, sequestrada desde 2002. "É mais uma cusparada que nos dão todas as partes que estão envolvidas neste processo", queixou-se Marleny Orjuela, diretora de uma entidade que congrega parentes dos reféns. Uribe havia autorizado em agosto que Chávez estabelecesse uma mediação para a troca dos reféns por cerca de 500 guerrilheiros presos. Desde então, porém, Bogotá teve vários atritos com o presidente venezuelano, especialmente devido a sua intenção de se reunir com o líder máximo da guerrilha, Manuel Marulanda. "Uribe tem de abrir outras portas, outros caminhos, ele é o que tem o poder, é o governante", disse Clara de Rojas, mãe de Clara Rojas, que era candidata a vice de Betancourt e também continua no cativeiro, onde teve um filho. O presidente colombiano voltou na quinta-feira a defender seu programa de "segurança democrática" como solução para o problema dos sequestros no país, recordista mundial nesse tipo de delito. "É preciso fazer todos os esforços pela paz, pelo acordo humanitário, tendo em conta que aquilo que não se pode pôr em risco é a segurança democrática, que é o que finalmente nos vai dar a paz, que é o que finalmente vai acabar com o sequestro que tanto afetou este país", afirmou. Uribe havia decidido com Chávez tratar do tema dos reféns pessoalmente e sem utilizar outros canais de comunicação.

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