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Colômbia suspende mediação de Chávez com as Farc

Por LUIS JAIME ACOSTA
Atualização:

A Colômbia suspendeu na quarta-feira a mediação do presidente da Venezuela com o maior grupo guerrilheiro de esquerda colombiano, por meio da qual se pretendia avançar para a libertação de um grupo de reféns sequestrados, que inclui a ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt. A decisão do governo do presidente Alvaro Uribe abalou as esperanças dos familiares de 49 reféns que estão no poder da Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que acreditavam que a mediação de Chávez seria bem-sucedida nas negociações. Algumas dessas pessoas estão perto de completar 10 anos de cativeiro em acampamentos no meio da selva. A suspensão da mediação, segundo analistas, também pode provocar tensões entre Venezuela e o governo colombiano, que autorizou em agosto que o presidente Chávez agisse como mediador. "O presidente da República dá por encerrada a participação da senadora Piedad Córdoba e a mediação do presidente Hugo Chávez, aos quais agradece a ajuda que estavam prestando", disse um comunicado do governo. A decisão foi tomada depois que Chávez, por intermédio da senadora Córdoba, se comunicou por telefone com o comandante do Exército da Colômbia, general Mario Montoya, ao qual fez perguntas sobre os sequestrados em poder das Farc. Uribe e Chávez tinham acertado recentemente em Santiago, durante a Cúpula Ibero-Americana, que a questão dos reféns seria tratada pessoalmente e sem utilizar outros canais de comunicação, explicou o governo colombiano. Além de Ingrid Betancourt, as Farc mantêm sequestrados três norte-americanos, cinco ex-congressistas, um ex-governador e vários integrantes das Forças Armadas. As Farc pretendem trocar esses reféns por 500 guerrilheiros detidos nas superlotadas prisões do país, mas as posições radicais das partes tem impedido qualquer acordo. O pai do suboficial do Exército Pablo Emilio Moncayo, um dos reféns que as Farc tentam trocar, lamentou a decisão do governo de Uribe e disse que isso demonstra mais uma vez que o presidente não tem interesse em conseguir a libertação dos reféns. "São momentos tão difíceis que estamos vivendo. Infelizmente temos que seguir recebendo golpes após golpes", afirmou o professor Gustavo Moncayo. Chávez recebeu representantes das Farc na Venezuela como parte de sua mediação, e na terça-feira se reuniu em Paris com o presidente da França, Nicolas Sarkozy, que também apóia o acordo humanitário pela libertação da franco-colombiana Betancourt e dos demais reféns. O presidente venezuelano, por quem as Farc admitem simpatia e admiração, pediu ao principal líder da guerrilha, Manuel Marulanda, que liberasse unilateralmente um grupo de reféns.

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