A comunidade internacional está dividida sobre o reconhecimento e o resultado da eleições de Honduras realizadas no domingo, 29, e das quais o conservador Porfírio Lobo, partidário do presidente de facto, Roberto Micheletti, saiu vencedor.
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Os EUA já sinalizaram que devem reconhecer as eleições de domingo, junto com Peru, Panamá, Costa Rica e Colômbia. Já Brasil, Argentina e Venezuela afirmaram que não reconhecerão a disputa.
O governo da França lamentou que a eleição não foi realizada em um contexto de "ordem constitucional" e o da China se mostrou preocupado com a situação no país. Já a Espanha e as nações centro-americanas disseram que as eleições não podem ser reconhecidas, mas também que não devem ser ignoradas como um passo em direção à resolução da crise política hondurenha.
O Brasil e os EUA podem entrar em atrito sobre reconhecer ou não o vencedor do pleito, promovido pelo governo de facto que tomou o poder no país depois do golpe de junho. Os EUA veem a eleição como a melhor forma de superar a crise de Honduras. Sem reconhecer explicitamente a vitória de Lobo, o Departamento de Estado divulgou nota afirmando que a votação foi "um passo necessário e importante à frente".
Os americanos também elogiaram o povo hondurenho pelo "exercício de sei direito democrático de eleger seus governantes", de acordo com a declaração do porta-voz do Departamento de Estado. Ian Kelly. "A participação dos eleitores parece ter excedido a das últimas eleições presidenciais, o que demonstra que, tendo a oportunidade de se expressar, o povo hondurenho viu a eleição como uma parte importante da solução da crise política no país", concluiu o funcionário do governo.
O Brasil, por sua vez, cada vez mais influente por causa da sua boa fase econômica, "irá manter sua posição (de não reconhecer a eleição), porque não é possível aceitar um golpe", segundo disse o presidente Lula no domingo.
Além de causar um isolamento internacional de Honduras, a crise também ameaça as tentativas do governo de Barack Obama de "relançar" as relações com a América Latina, onde predominam governos de esquerda. Argentina e Venezuela, por exemplo, se opõem à eleição hondurenha, enquanto Panamá, Peru e Costa Rica devem reconhecê-la.
Europa e China
O primeiro-ministro da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, não deixou claro se a Espanha aceitará o resultado das eleições presidenciais hondurenhas de domingo, mas notou que todas as partes envolvidas precisam chegar a um acordo para restaurar a ordem democrática. "A ruptura institucional agora tem outros protagonistas", afirmou ele durante o encontro, segundo uma porta-voz do escritório do primeiro-ministro.
Zapatero está em Estoril para a Cúpula Ibero-americana, que termina nesta terça-feira. O premiê disse que os líderes presentes trabalham para produzir um comunicado conjunto sobre a situação em Honduras.
Já o governo da França lamentou que as eleições não ocorreram em um "contexto conforme a ordem constitucional que garante a legitimidade incontestável" do pleito.
Em um declaração do Ministério de Exteriores, o país estima que "como seus parceiros da União Europeia", Paris "pede o restabelecimento das liberdades fundamentais e do Estado de direito" em Honduras. "Pedimos umas rápida abertura de um processo de reconciliação nacional, o único que pode dar sua plena legitimidade ao novo governo", declarou o porta-voz da pasta.
Por sua vez, a China, que não mantém relações diplomáticas oficiais com Honduras, mostrou-se "preocupada" pela situação política no país e fez votos para que o cenário melhore.
"Esperamos que a situação em Honduras retorne à estatabilidade rapidamente. Cremos que isso corresponde ao interesse do povo e também será benéfico para a paz e par AA estabilidade na América Central e na América Latina como um todo", dizia um comunicado do Ministério de Exteriores chinês.
(Com Efe, Reuters e Associated Press)