Correa busca reeleição e apoio à 'revolução' no Equador

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Por ALEXANDRA VALENCIA
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O presidente do Equador, Rafael Correa, pode assegurar no domingo sua permanência no poder ao obter uma histórica reeleição, prometendo continuar com sua "revolução socialista" na instável nação andina, apesar do choque causado pela crise econômica mundial. Correa espera abrir com seu triunfo um novo ciclo político-econômico em um dos países mais pobres da América do Sul, implementando uma nova carta magna que, aprovada no ano passado, o converteu no presidente mais poderoso dos 30 anos de democracia na nação rica em petróleo. Mas seus planos de dar mais poder econômico ao Estado e avançar em profundas reformas institucionais podem ruir se a queda dos preços do petróleo e a diminuição das exportações afetarem seus programas sociais, base de sua alta popularidade em um país no qual nenhum presidente finalizou o seu mandato na última década. Ainda que pesquisas prevejam sua vitória, o carismático economista também busca fazer com que seu partido obtenha maioria absoluta no legislativo, que foi fonte de constantes crises políticas no passado. "Cumprimos a palavra, estamos trabalhando para que todos sejam iguais. Conosco, primeiro vêm os pobres, e queremos seguir com essa mudança", afirmou Correa no encerramento de sua campanha, em Guayaquil, onde pedia com voz rouca, a milhares de seguidores, que apoiem sua reeleição. Após dois anos no cargo e quatro triunfos consecutivos nas urnas, Correa conseguiu superar seus três antecessores, que foram caíram em meio a protestos. Contudo, a fraca oposição denuncia que o presidente está desperdiçando recursos do país com medidas populistas para cumprir suas vontades políticas. A bonança com o petróleo nos últimos anos permitiu a Correa reforçar os gastos públicos para construir escolas, modernizar hospitais e melhorar as vias públicas, assegurando que nem sua ideologia, nem a crise global poriam fim à dolarização. Mas analistas advertem que as quantias são preocupantes e que a diminuição dos ingressos de recursos obrigou o menor membro da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) a consumir metade de suas reservas, enquanto o dólar limita a margem de manobra para lidar com a difícil situação. As últimas pesquisas apontaram que Correa pode obter mais de 50 por cento dos votos nas eleições de domingo, conseguindo o apoio de quem tem "terror do passado", marcado por décadas de recorrentes crises econômicas e políticas, e culpa por isso as elites tradicionais "corruptas". Carregando a bandeira do "socialismo do século 21", Correa seguiu a esteira da geração presidentes esquerdistas que, liderados pelo venezuelano Hugo Chávez, intimidaram opositores e cativaram camadas humildes com uma agressiva retórica antimercado e promessas de justiça social.

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