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Correa começa novo mandato prometendo aprofundar socialismo

Por EDUARDO GARCÍA E WALKER SIMON
Atualização:

O presidente do Equador, Rafael Correa, tomou posse na segunda-feira em seu segundo mandato prometendo aprofundar sua "revolução" socialista, mas não apresentou planos para a retomada do crescimento econômico. Correa, de 46 anos, disse que pretende combater a desigualdade e investir em projetos para ajudar os mais pobres, melhorar a educação e dar melhores condições de vida aos indígenas. "É uma luta gigantesca (...), mas já começamos e ninguém irá nos parar", disse Correa a um grupo de governantes latino-americanos, entre os quais os presidentes socialistas da Venezuela, Hugo Chávez, e de Cuba, Raúl Castro. "Durante os próximos quatro anos vamos continuar nossa campanha (...) Não se trata só de ajudar os pobres, trata-se de eliminar as causas estruturais da pobreza", acrescentou. Os elevados gastos em programas sociais e os frequentes ataques do presidente às elites empresariais do Equador contribuem com a popularidade de Correa, mas assustam os investidores. Embora assessores descrevam esse economista como impulsivo e imprevisível, eles também dizem que se trata de um socialista pragmático, que não deve pressionar os investidores estrangeiros a ponto de afugentá-los do país andino. "Encolher o Estado foi um dos erros mais absurdos da longa e triste noite neoliberal, enquanto fortalecer o Estado foi um dos piores erros do socialismo de Estado", disse ele. "Precisamos de um Estado que seja eficiente". Mas a redução no faturamento com o petróleo, junto com um gasto de 900 milhões de dólares para comprar títulos soberanos envolvidos em uma moratória no ano passado, podem obrigar Correa a cortar gastos sociais. O país - o menor integrante da Opep - exportou no primeiro semestre o equivalente a 2,69 bilhões de dólares em petróleo bruto e refinado, cerca de 60 por cento a menos do que no mesmo período do ano passado. Correa admitiu que os dividendos das exportações e as remessas financeiras de equatorianos no exterior despencaram. Ele não disse como planeja diversificar a economia da sua dependência em relação ao petróleo, como já prometeu fazer. Credores multilaterais ofereceram até 2,5 bilhões de dólares ao Equador neste ano, e o país deve receber 1 bilhão de dólares como pagamento por um acordo de exportação de petróleo para a China. Mas, se o preço do petróleo cair outra vez, a economia do Equador deve se ressentir. (Reportagem adicional de Alexandra Valencia)

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