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Correa discursa após conseguir deixar hospital onde estava retido em Quito

Presidente afirma que não haverá anistia para oficiais que se rebelaram e agradece América Latina

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Por Redação
Atualização:

QUITO- O presidente do Equador, Rafael Correa, discursou no balcão do Palácio de Carondelet, em Quito, após ter deixado o hospital onde era mantido preso por horas por militares rebelados devido a uma lei que corta benefícios da categoria.   

 

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Ele pediu um minuto de silêncio pelas vítimas da violência nos confrontos registrados no país hoje, e disse que só não deixou o local antes porque "estava sequestrado". O governo confirmou um morto e a Cruz Vermelha, 51 feridos.

 

"Ninguém deu tanto suporte à polícia como esse governo", disse o presidente. "Ninguém aumentou seus salários tanto quanto esse governo (...), e depois de tudo que fizemos pela polícia, eles fizeram isso!", disse o presidente, que afirmou estar sendo mantido preso dentro de uma sala no terceiro andar do hospital.

 

"Quando eu vi tanta agressão (...) eu me senti profundamente triste, como se tivesse uma faca nas minhas costas", declarou.

 

"Foi um dia de profunda tristeza", afirmou Correa. "Quando eu fui libertado e me disseram que havia ao menos um policial morto, eu chorei, não por medo, mas de tristeza".

 

Correa deixa hospital militar onde era mantido detido por militares rebelados

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Segundo Correa, cinco militares se feriram no tiroteio que durou cerca de meia hora entre as forças de segurança que invadiram o hospital com máscaras de gás para retirá-lo de lá e os oficiais insubordinados que cercavam o local.

 

Centenas de simpatizantes do presidente empunhando bandeiras do Equador acompanharam o discurso, no qual o presidente agradedeu o respaldo da América Latina e acusou a oposição de estar por trás do que qualificou como uma tentativa de golpe.

 

Correa disse que não haverá anistia aos militares e policiais que se rebelaram, e qualificou sua atitude como "irresponsável".

 

O presidente passou o dia inteiro recluso em um hospital militar, após ter tentado dialogar com os manifestantes e ter sido ferido na perna e atingido por gás lacrimogêneo. Com ele, estava uma unidade do Grupo de Operações Especiais (GOE), corpo da polícia que se manteve leal ao governo.  

 

Os protestos começaram na manhã de hoje, quando policiais ocuparam os principais quarteis de Quito e o Congresso. O aeroporto da capital foi tomado por oficiais da Força Aérea, mas agora já retomou suas atividades.

 

Rodovias foram bloqueadas e houve relatos de distúrbios e até roubos de bancos. Outros setores do funcionalismo também afetados pela nova lei se uniram aos protestos, incluindo os estudantes.

 

Correa acusou setores da oposição, entre eles o ex-presidente Lúcio Gutierrez de organizar um golpe de Estado contra ele.

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O governo declarou estado de exceção e exigiu que as emissoras de rádio e TV do país retransmitissem somente os sinais da Ecuador TV e da Radio Pública, que veiculavam mensagens contra os insubordinados.

 

Após a ordem do Executivo, os rebelados tentaram cortar o sinal da rede pública subindo até o monte Pichincha, em Quito, para danificar as antenas do canal e cercaram o prédio da emissora, segundo apresentadores.

 

O chanceler do país, Ricardo Patiño, foi hospitalizado com um ferimento na cabeça após ter sido agredido ao tentar entrar no hospital onde Correa estava.

 

A comunidade internacional condenou fortemente os acontecimentos de hoje no Equador. Após uma reunião extraordinária, a Organização dos Estados Americanos (OEA) expressou respaldo a Correa e repudiou qualquer tentativa de "alterar a ordem democrática no país". Presidentes do bloco da Unasul irão se reunir ainda hoje para discutir a situação no país, e já manifestaram total apoio ao presidente equatoriano.

 

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