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Correa diz ter formado maioria absoluta no Congresso do Equador

Atualização:

O presidente do Equador, Rafael Correa, afirmou nesta quarta-feira que seu grupo político conseguiu na eleição de domingo formar maioria absoluta na Assembleia Nacional (Congresso), o que facilitaria a adoção de reformas socialistas no pequeno país petroleiro. O próprio Correa, um economista de 49 anos, foi reeleito no mesmo dia para mais quatro anos de mandato, com 57 por cento dos votos. "Obtivemos representantes para a Assembleia Nacional em 23 das 24 províncias do país, e onde não obtivemos ganhou um aliado. Isso determina um bloco próximo a 100 congressistas dos 137, de 95 a 100, está para ser definido", disse o presidente a jornalistas estrangeiros. O Conselho Nacional Eleitoral deve proclamar na sexta-feira o resultado da eleição legislativa. Correa prometeu "aprofundar a revolução cidadã e construir de maneira irreversível a pátria nova". O controle absoluto da Assembleia abre caminho para que Correa aprove uma polêmica lei de comunicações e uma reforma agrária, iniciativas arquivadas nos últimos anos por falta de votos suficientes para a aprovação. A lei de comunicação, prioridade para Correa, prevê a criação de um conselho de regulamentação de conteúdos e de punições a meios de comunicação. Outros projetos importantes são uma lei para a água e uma lei para as terras, regulamentando o uso desses recursos em benefício das comunidades. O carismático líder poderá também aprovar emendas na Constituição de 2008, para acabar com "inconsistências" apontadas por ele. Mas o presidente descartou a incorporação de um artigo que derrube o limite ao número de mandatos presidenciais consecutivos. No Equador, qualquer reforma constitucional precisa ser submetida a referendo. A oposição, que acusa Correa de governar de forma autoritária, disse que o presidente terá o controle de todos os poderes estatais, já que o Judiciário, segundo seus adversários, também está subordinado ao Executivo. Mas ele responde com ironia. "Claro que vai ser um rolo compressor legislativo em função dos interesses do povo equatoriano, claro que vamos erguer a mão para continuar dando educação gratuita, saúde e dignidade". Correa já obteve sete vitórias consecutivas nas urnas desde novembro de 2006, quando foi eleito presidente pela primeira vez, graças ao apoio dos setores pobres que se beneficiam dos seus milionários programas sociais. O presidente minimizou a necessidade de uma liderança regional diante da eventual ausência definitiva do líder venezuelano, Hugo Chávez, que se recupera de um câncer. Mas garantiu que estará "onde a pátria pequena (Equador) e a pátria grande (América Latina)" precisarem. "Buscamos servir, e se eu puder servir como chofer de Hugo lá estarei, o importante é tirar nossos povos da miséria e do atraso", acrescentou. Ele reiterou estar aberto a investimentos estrangeiros, desde que estes respeitem as condições impostas pelo governo e beneficiem o povo equatoriano. A ideia, concluiu, é "continuar construindo essa integração latino-americana, porque juntos poderemos impor condições a esse capital transnacional. Separados, esse capital será quem nos imporá condições". (Por Alexandra Valencia, com reportagem adicional de Eduardo García)

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