Correa entrega a Lula CD com 'imagens do massacre'

Presidente equatoriano chega para reunião no Planalto para buscar apoio brasileiro em crise diplomática

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Por Leonencio Nossa e João Domingos
Atualização:

O presidente do Equador, Rafael Correa, chegou na manhã desta quarta-feira, 5, ao Palácio do Planalto para o encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o objetivo de obter apoio na ação contra a Colômbia, que invadiu território equatoriano para combater tropas de guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).  Ao entrar no gabinete, Correa entregou a Lula um CD que, segundo ele, contém "imagens do massacre", referindo-se a invasão promovida pela Colômbia.   Veja também:  Colômbia exibe imagens da incursão militar  Dê sua opinião sobre o conflito   Por dentro das Farc  Entenda a crise   Histórico dos conflitos armados na região   Correa diz que irá 'até as últimas conseqüências por soberania'  'É possível que as Farc se desarticulem'   Ouça relato de Expedito Filho, enviado especial ao Equador    A estimativa é que o encontro termine por volta das 13 horas, quando Rafael Correa dará entrevista, no Palácio do Planalto. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que também participa do encontro, falará à imprensa somente à tarde. A princípio, Lula e Correa conversariam reservadamente, sem auxiliares. Mas o encontro foi logo ampliado. Do lado brasileiro além de Amorim participam o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Felix e o assessor de Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia.   A conversa de Correa com o presidente Lula é a segunda etapa da viagem do presidente do Equador em busca de apoio na sua disputa com a Colômbia. A primeira parada do chefe de Estado equatoriano ocorreu no Peru e teve um significado forte na política internacional. Há uma década, Equador e Peru ainda viviam uma guerra por conflitos de fronteiras. A paz foi patrocinada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. Por isso, depois da parada no Peru, Correa decidiu vir ao Brasil.   A expectativa das autoridades brasileiras é que tanto o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, quanto o seu colega do Equador, Rafael Correa, vão continuar a se estranhar por alguns dias. Depois, vão baixar o tom das declarações e acabarão se recompondo, porque esse é o caminho natural dos países da América do Sul.   A torcida do Brasil é para que Uribe faça um segundo pedido de desculpas ao Equador, agora sem as justificativas para a ação de combate aos guerrilheiros das Farc. Se isso ocorrer, avaliam as autoridades brasileiras, será mais fácil cobrar do presidente equatoriano a presença de tropas das Farc em seu território.  Isso, na opinião dos brasileiros, no mínimo constrangerá Correa, que poderá evitar novos acampamentos do grupo dentro do Equador.   Para o Brasil, segundo um auxiliar do presidente Lula, o direito internacional tem de ser preservado a qualquer custo, o que significa condenar a incursão das forças colombianas no território equatoriano. Para esse mesmo auxiliar, a invasão das Forças Armadas colombianas foi um "caso pensado", porque ocorreu em duas etapas: primeiro, no combate com as Farc e depois, na busca de corpos e apreensão de equipamentos, entre eles muitos computadores.