Correa quer consolidar 'revolução' nas eleições de domingo

Segundo as pesquisas de intenções de voto, presidente equatoriano deve ser reeleito neste fim de semana

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Por Claudia Jardim
Atualização:

O presidente do Equador, Rafael Correa, disse nesta quinta-feira estar confiante na vitória nas eleições do próximo domingo, nas quais, além da Presidência, pretende conquistar uma ampla maioria das cadeiras na Assembleia Nacional para consolidar seu projeto de "revolução cidadã". "Querem ganhar a Assembleia para tentar privatizar tudo, para nos impor o neoliberalismo, desestabilizar o governo. (Por isso) é extremamente importante que ganhemos a Assembleia", afirmou Correa nesta quinta-feira, 23, em Guayaquil, durante o comício de encerramento de campanha.

 

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Na quarta-feira, Correa afirmou esperar que seu partido, Aliança País, conquiste 100 das 124 cadeiras da Assembleia Nacional. Se conquistar a maioria parlamentar, Correa abrirá caminho para implementar as mudanças previstas na nova Constituição, que, entre outros aspectos, prevê a ampliação do poder do Estado em setores da economia considerados estratégicos.

 

O presidente equatoriano voltou a afirmar que a prioridade de sua gestão são os "pobres", uma das bases de apoio de seu governo, e atacou seus adversários, ao afirmar que são "defensores" do livre comércio. "Estamos cumprindo com a palavra. Estamos trabalhando para que todos sejam iguais. Para nós, primeiro estão os pobres, e queremos continuar com essas mudanças", afirmou o presidente equatoriano. As últimas pesquisas de intenção de voto apontam que Correa poderá sair vitorioso das urnas ainda no primeiro turno. Para isso, o presidente equatoriano precisa conquistar 40% dos votos válidos e obter uma diferença de pelo menos 10% em relação ao segundo colocado. Se a vitória for confirmada, este será o quinto triunfo eleitoral de Correa desde que assumiu a Presidência, há dois anos. Defensor do chamado "Socialismo do Século 21", que tem entre seus ideólogos o venezuelano Hugo Chávez, Correa disse, na quarta-feira, que "a revolução cidadã está avançando e que ninguém nem nada a deterá". O presidente equatoriano também afirmou que, apesar da crise financeira internacional, continuará privilegiando os programas sociais no orçamento do governo. "Primeiro nossa gente, primeiro o setor social, depois o (pagamento) da dívida (...). Pela primeira vez nas últimas décadas, o investimento social supera com vantagem o pagamento da dívida externa", acrescentou. O governo equatoriano suspendeu o pagamento de uma parte dos bônus da dívida externa, alegando que são ilegítimos, e propôs a renegociação da dívida com um desconto de 70% do valor total. Adversários O principal rival de Correa no pleito presidencial é o ex-presidente Lucio Gutiérrez, do partido Sociedade Democrática (nacionalista). Derrotado em abril de 2005, depois de uma rebelião popular que deslegitimou seu governo, atualmente Gutiérrez lidera a segunda maior força política do país. O candidato que aparece em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto é Álvaro Noboa, do partido Renovador Institucional de Ação Nacional (direita). Noboa, que disputa pela quarta vez consecutiva a Presidência, é um importante empresário exportador de banana.Outra candidata presidencial é Martha Roldós, do partido Rede Ética e Democracia (centro-esquerda). Todos os candidatos encerraram suas campanhas nesta quinta-feira com caravanas e comícios. Nova Constituição Se confirmada a vitória de Correa no domingo, o presidente equatoriano reiniciará seu mandato de quatro anos, com a possibilidade de candidatar-se à reeleição em 2013, conforme prevê a nova Constituição.É por causa da nova Carta Magna que os equatorianos terão de voltar a eleger, em menos de dois anos, centenas de ocupantes de cargos públicos, entre eles prefeitos, vereadores e congressistas. Correa e as demais autoridades iniciaram seus mandatos em janeiro de 2007. Agora, as autoridades equatorianas que forem eleitas no domingo deverão governar e legislar sob as regras da nova Constituição.Espera-se que mais de 10 milhões de equatorianos compareçam às urnas no domingo.

 

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