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Cuba deve ser destaque na 1ª Cúpula das Américas de Obama

Países latino-americanos devem pressionar o presidente americano a levantar o embarco contra a ilha

Por Agência Estado e Dow Jones
Atualização:

Cuba parece pronta para dominar a Cúpula das Américas que começa na próxima sexta-feira, 17, em Trinidad e Tobago, mesmo que o país não tenha sido convidado para a reunião de 34 líderes do continente. A cúpula tem sido vista como uma oportunidade de estabelecer um novo tom nas relações entre os Estados Unidos e a América Latina, já que esta será a primeira reunião do presidente norte-americano Barack Obama com seus colegas latino-americanos.

 

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Está claro que Cuba, apesar de não participar do evento, fará parte da agenda em razão do longo embargo econômico norte-americano contra o Estado comunista. O anúncio de Obama, feito segunda-feira, sobre a retirada das restrições a viagens e ao envio de dinheiro de cubano-americanos para Cuba foi visto como uma tentativa de neutralizar as tensões entre os dois países.

 

O presidente venezuelano Hugo Chávez, que desenvolveu um relacionamento pessoal com Fidel e há tempos busca limitar a influência norte-americana na América Latina, deixou claro que vai levar a questão de Cuba à reunião de cúpula. "Por que Cuba não está na Cúpula das Américas?", questionou o líder venezuelano na segunda-feira. "Esta é uma das principais questões que a partir de agora vão ressoar em Trinidad".

 

Chávez disse que vai "exigir que o império (os Estados Unidos) comandado por Obama levante o bloqueio a Cuba". O líder venezuelano também parece fazer preparações para um amplo confronto ideológico com o novo presidente dos Estados Unidos. "Estamos preparando a artilharia", disse Chávez na terça-feira, prometendo inflamar o bloco "anti-imperialismo" de líderes latino-americanos.

 

Ainda não se sabe, porém, se nesta cúpula haverá o tipo de confronto entre os Estados Unidos e Venezuela como o ocorrido em 2005 na Argentina, quando George W. Bush era o presidente norte-americano. Enquanto Obama goza de enorme popularidade na maior parte da América Latina, Cuba permanece uma questão contenciosa na região. Os países da América Latina e Caribe concordaram, durante uma cúpula realizada em dezembro no Brasil, que o atual embargo contra Cuba é injusto e desnecessário, e deve ser levantado.

 

O presidente do Equador, Rafael Correa, disse na segunda-feira que vai usar parte de seu discurso de cinco minutos na reunião de cúpula para denunciar o embargo. Cuba, disse ele, "não pode continuar a ser excluída do sistema interamericano, isso é uma barbaridade". A resposta de Washington foi de que o embargo não será levantado enquanto Cuba continuar a ser um país não-democrático e mantiver presos dissidentes políticos.

 

Jeffrey Davidow, o funcionário norte-americano responsável pela preparação da reunião, disse que será desastroso e a cúpula for "atrapalhada pela questão cubana". Obama pretende reengajar a América Latina depois de a região ter sido negligenciada sob a administração Bush, disse ele na segunda-feira. "Isso pode ser legitimamente ser visto com um novo começo", afirmou.

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Washington deve se concentrar na discussão de temas com reformas econômicas, energia renovável, segurança pública e a luta contra o tráfico de drogas, sem contar medidas para superar a crise financeira global. Mas Obama tem feito seu dever de casa. No mês passado, ele saudou o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva em Washington. E, antes da cúpula, ele viajará ao México para encontrar-se com o presidente Felipe Calderón. Sua secretária de Estado, Hillary Clinton, também deve viajar para o Haiti e para a República Dominicana nesta semana.

 

O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, José Miguel Insulza, prevê que a Cúpula das Américas será a precursora de novos diálogos entre as partes norte e sul do continente. "Os países da América Latina querem agora falar sobre desenvolvimento. E parece que Washington também quer. Isso significa que atualmente temos uma agenda em comum", disse.

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