O Parlamento cubano reagiu nesta quinta-feira, 11, à moção aprovada pelo Parlamento Europeu que condena a "evitável e cruel" morte do dissidente Orlando Zapata e alerta contra o "fatal desenlace" que poderia haver para a greve de fome que outro preso político, Guillhermo Fariñas, realiza.
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Segundo um comunicado da Assembleia do Poder Popular cubana entregue à imprensa local, a condenação "manipula sentimentos, deturpa ações, impõe mentiras e oculta realidades". A condenação é "discriminatória e seletiva", disse a mensagem.
Fariñas, um jornalista e psicólogo opositor ao regime, está em greve de fome desde 24 de fevereiro em homenagem a morte de seu companheiro Orlando Zapata e foi hospitalizado nesta quinta após desmaiar.
De acordo com o documento, "o pretexto utilizado (por Fariñas) foi a morte de um preso (Zapata), detido primeiro por um crime comum e depois manipulado por interesses norte-americanos e da contrarrevolução interna, que por vontade própria se negou a comer apesar das advertências e da intervenção dos médicos cubanos".
A Assembleia afirmou que a greve de fome de Fariñas é um "ato lamentável", mas ressaltou que a ilha não pode se responsabilizar e nem ser atacada em matéria de direitos humanos.
Para os parlamentares cubanos, "por trás dessa condenação, há um profundo cinismo". Os deputados destacaram a falta de compromissos da Europa em ajuda ao desenvolvimento das nações pobres para manterem seu modelo capitalista e a repressão aos imigrantes e desempregados no continente.
"Essa intenção de nos dar lições também ofende aos cubanos", acrescentou o comunicado, em alusão ao envio de médicos cubanos a nações pobres da região.
A Assembleia cubana também condenou a política externa europeia."Nós, cubanos, rechaçamos a imposição, a intolerância e a pressão como norma nas relações internacionais".