Cúpula em Trinidad e Tobago sofre com estrutura precária

Sede da Cúpula das Américas, que começa nesta sexta-feira, foi escolhida por falta de opção

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Por Denise Chrispim Marin
Atualização:

Com um território do tamanho do Distrito Federal brasileiro e população equivalente à de Brasília, Trinidad e Tobago foi escolhido em 2005 para ser a sede da 5ª Reunião de Cúpula das Américas por uma razão inusitada. Em meio ao colapso desse fórum, em Mar del Plata, nenhum outro país se candidatou.

 

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Entre esta sexta-feira, 17, e domingo, sua capital, Port of Spain, receberá os chefes de Estado e governo de 34 países do Hemisfério e celebrará o primeiro encontro entre o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, com os líderes da América Latina e do Caribe. Mas, nos últimos dias, às vésperas do início do encontro, as delegações estrangeiras puderam sentir os atropelos causados pela organização precária de um evento internacional dessa magnitude.

 

O governo de Trinidad e Tobago estava ciente, desde o início, do desafio imposto pelo evento. Diante da rede hoteleira insuficiente, contratou dois navios de cruzeiro - Carnival Victoria e Caribbean Princess - para acomodar a imprensa estrangeira, representantes de organizações não governamentais e empresários.

 

A cúpula, além de promover o encontro dos líderes governamentais, abrange outros três fóruns de discussão - do setor privado, de jovens e da sociedade civil.

Assim mesmo, na terça-feira, diplomatas mexicanos demoraram quase duas horas para ingressar no navio onde estavam hospedados por causa de empecilhos criados pela organização.

 

No aeroporto, a sala onde as credenciais eram emitidas converteu-se num calvário para as delegações e os jornalistas. Muitos passaram o dia sentados ali, à espera do documento. Até mesmo funcionários do Itamaraty e do Palácio do Planalto foram expostos a essa situação. A razão desse transtorno foi simples - o escritório deu prioridade à emissão das credenciais dos mais de 1.000 membros da delegação americana, tarefa que levou ao colapso o sistema de informática. Nesta semana, o sistema de energia do centro de imprensa montado num edifício do governo sofreu uma pane.

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Todos os presentes foram retirados do local, por temor de um incêndio. Em seguida, os jornalistas foram agraciados com uma bizarra orientação do governo de Trinidad e Tobago para a cobertura - não "tocar" nos chefes de Estado nem fotografá-los em situações que possam constrangê-los.

 

Embaraços

 

Para os chefes de Estado, a partir desta sexta, outros embaraços devem surgir. A organização do evento reservou apenas quatro salas no Hotel Hyatt, onde se dará a Cúpula das Américas, para os encontros bilaterais. Para utilizá-las, será aplicado o critério de quem pediu primeiro.

 

A segurança do evento não divulga quantos funcionários estarão envolvidos. Mas, Trinidad e Tobago recorreu a cada país vizinho de língua inglesa para que fornecessem pelo menos 20 soldados para ajudar na tarefa.

 

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Trinidad e Tobago nada tem a ver com a imagem de república pré-industrial do Caribe. Trata-se de um arquipélago de 5.128 quilômetros quadrados que, sustentado pela produção e exportação de petróleo e gás natural, registrou significativas taxas de crescimento econômico nos últimos anos - 3,5%, em 2008, e 5,5%, em 2007. Seu Produto Interno Bruto (PIB), no ano passado, atingiu US$ 15 bilhões.

 

No ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), estava na 57ª posição, atrás somente do Chile, da Argentina, do Uruguai, das Bahamas, de Costa Rica e do México, entre os latino-americanos e caribenhos. O país tem apenas 1,3 milhão de habitantes.

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