01 de dezembro de 2009 | 13h24
A Cúpula Ibero-americana condenou nesta terça-feira, 1º, o golpe de Estado em Honduras e pediu a restituição do presidente deposto José Manuel Zelaya ao cargo. Os presidentes e chefes de governo que compareceram ao encontro "consideram que a restituição do presidente José Manuel Zelaya ao cargo para o qual foi democraticamente eleito, até completar seu período constitucional, é um passo fundamental para o retorno à normalidade constitucional", afirmou a declaração.
Veja também:
Porfirio Lobo promete esforço para ter reconhecimento de Lula
Alto comparecimento facilita apoio internacional à eleição em Honduras
Novo líder hondurenho diz que ''Zelaya é passado''
Garcia suaviza discurso e Brasil pode rever posição
Zelaya denuncia fraude eleitoral e critica vencedor
Especial: Para entender o impasse em Honduras
Cronologia do golpe de Estado em Honduras
Os líderes chamaram o golpe que afastou Zelaya do cargo em 28 de junho de "inaceitável". O golpe em Honduras foi o primeiro na América Central e na América Latina desde 1993, quando aconteceu o golpe na Guatemala.
O comunicado final do encontro parece refletir uma clara vitória dos líderes regionais latino-americanos Brasil, Argentina e Venezuela, que se opõem a qualquer reconhecimento das eleições que aconteceram no domingo em Honduras. "Alguns dirão que o comunicado final do encontro foi longe demais, outros dirão que não foi", disse o primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates.
Os líderes também consideraram que a restituição de Zelaya à presidência é "passo fundamental" para o retorno da ordem democrática ao país. Em comunicado especial, os representantes chegaram a um consenso sobre essa posição, embora não tenham mencionado especificamente o reconhecimento do presidente eleito nas eleições de domingo, organizadas pelo governo de facto que depôs Zelaya.
Eleições
Durante o encontro, o Brasil liderou um grupo de países que rejeitou o processo eleitoral em Honduras, que contou com o aval dos Estados Unidos e que foi realizado cinco meses depois do golpe de Estado que derrubou Zelaya.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou a cúpula antes do fim, por conta de uma viagem que tem marcada para a Ucrânia. Antes de embarcar, no entanto, Lula respondeu duramente ao presidente da Costa Rica, Oscar Arias, que havia afirmado que, se a comunidade internacional reconheceu as eleições no Irã e no Afeganistão, a América Latina deveria aceitar o pleito realizado em Honduras.
"Não dá para comparar (Irã) com Honduras, onde você tem uma pessoa que deu um golpe, esse golpe foi repudiado por todos os países do mundo, foi repudiado pela OEA, e essas pessoas tinham condicionantes feitas pelo próprio presidente da Costa Rica, que era a volta do presidente Zelaya, a convocação das eleições e a volta à normalidade", disse Lula a jornalistas.
Zelaya está desde setembro refugiado na embaixada do Brasil em Tegucigalpa para evitar ser preso pelo governo de facto encabeçado por Roberto Micheletti.
"É apenas uma questão de bom senso, é uma questão de princípios e é uma questão de a gente não pactuar com o vandalismo político na América Latina", acrescentou.
Encontrou algum erro? Entre em contato