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Delegações esperam chegar a acordo em Honduras nesta sexta

Representantes de Zelaya e Micheletti ainda divergem sobre restituição do líder deposto em 25 de junho

Por BBC Brasil
Atualização:

Representantes do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, e do presidente interino, Roberto Micheletti, esperam chegar a um acordo para resolver a crise política no país nesta sexta-feira, 16, apesar de o prazo estabelecido por Zelaya para voltar ao poder ter vencido na meia-noite de quinta-feira, hora local.

 

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especial Especial: O impasse em Honduras  Victor Meza, membro da comissão de diálogo do presidente deposto, anunciou na quinta-feira à noite que as conversações estão "95% avançadas" e que ele confia que um acordo será assinado ainda nesta sexta-feira. "Estamos otimistas que teremos um acordo amanhã, possivelmente ao meio-dia", disse ele à imprensa. Meza explicou que, até quarta-feira, eles só tinham "um texto único, não um acordo", que seria "como um preâmbulo imediato de um acordo", ao qual Zelaya e Micheletti teriam acrescentado "observações". Segundo diversas fontes, os dois lados estariam definindo se corresponde ao Congresso ou à Corte Suprema decidir se Zelaya será restituído. Micheletti defende que esta é uma questão judicial, e cabe à Corte Suprema decidir, enquanto que Zelaya acredita que cabe ao Congresso a decisão final. Até agora, o presidente interino, que nesta quinta-feira liderou uma grande homenagem à seleção do país que se classificou na véspera para a Copa do Mundo, vem se negando a devolver a presidência à Zelaya, apesar da pressão da comunidade internacional. John Biehl, assessor do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) em Honduras, também confirmou na quinta-feira que os dois lados pretendiam estender o diálogo. "Estão avançando muito, amanhã (sexta-feira), vão continuar. Neste momento os dois lados estão trabalhando, estão consultando, tudo em função de fechar um acordo amanhã (sexta)", disse Biehl aos jornalistas. Prazo Na tarde de quinta-feira, Zelaya disse à agência de notícias AFP que as negociações continuam, mas que "o clima é extremamente delicado e perigoso". Antes de ser divulgada a notícia de que as negociações prosseguiriam nesta sexta-feira, a frente de oposição ao golpe insistiu que fosse respeitado o prazo dado para a volta de Zelaya e acusou Micheletti de estender o diálogo para ganhar tempo. A ministra do Exterior do governo Zelaya, Patrícia Rodas, havia dito que, depois de vencido o prazo, iria exigir sanções internacionais mais severas contra o governo interino. Rodas, que atualmente está na Bolívia, onde participa da cúpula da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (ALBA), insistiu que se Zelaya não for restituído, a oposição não vai reconhecer o processo eleitoral planejado pelo governo interino, que prevê eleições presidenciais no próximo dia 29 de novembro. "Vontade política" Na quarta-feira, fontes diplomáticas de honduras disseram à BBC Mundo que já há "consenso sobre um texto que inclui a restituição do presidente deposto", mas que falta "vontade política" para assiná-lo e por fim à crise hondurenha. Até agora, as delegações que participam das negociações conseguiram chegar a um consenso sobre vários pontos do Acordo de San José, proposto pelo presidente da Costa Rica e mediador da crise, Oscar Arias. Os dois lados concordaram com a formação de um "governo de unidade e reconciliação nacional", integrado por representantes de diversos partidos políticos, e em suspender a convocação de uma Assembléia Constituinte, conforme proposto por Zelaya antes de ser deposto. Também foi concordado que as Forças Armadas ficariam à disposição do Tribunal Supremo Eleitoral a partir de um mês antes das eleições previstas, e que seria criada uma comissão para verificar o cumprimento do acordo.  Os dois lados também concordaram em normalizar as relações com a comunidade internacional.

 

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