Dissidente filho de herói da revolução cubana chega aos EUA

PUBLICIDADE

Atualização:

O filho dissidente de um herói da Revolução Cubana chegou aos Estados Unidos depois de as autoridades cubanas terem autorizado sua saída do país, após sete anos durante os quais foi proibido de viajar, informou a mídia de Miami nesta sexta-feira. Juan Almeida, advogado de 43 anos e filho do comandante Juan Almeida Bosque, que morreu em setembro de 2009, teria tido sua saída da ilha comunista autorizada após a mediação do cardeal católico cubano Jaime Ortega. Almeida, que foi detido brevemente em 2009 por tentar deixar Cuba ilegalmente e fez greve de fome para reivindicar a permissão de deixar o país, reencontrou sua mulher e filha no aeroporto de Miami na quinta-feira. Ele chegou em um voo vindo do México, depois de sair de Cuba esta semana. Ele disse a jornalistas que seu objetivo em sair de Cuba foi ficar com sua família e receber tratamento médico nos EUA pela doença reumática degenerativa da qual sofre. Mas ele criticou o presidente cubano Raúl Castro, companheiro de seu falecido pai na revolução cubana de 1959 liderada pelo ex-presidente Fidel Castro, por não ter permitido que partisse antes. "Raúl Castro é o principal responsável -- mas não o único -- por eu não ter podido sair de Cuba nos últimos sete anos para receber o tratamento médico que necessito", disse ele em declarações reproduzidas pelo site cafefuerte.com, de Miami, que divulga assuntos relacionados a Cuba. Os cubanos precisam de autorização para deixar a ilha, e pessoas que ocupam cargos relacionados à segurança ou que sejam economicamente estratégicas podem ser impedidas de viajar, especialmente se existirem suspeitas quanto a sua lealdade ao governo comunista da ilha. O Miami Herald informou que Almeida agradeceu a igreja católica cubana por interceder em seu favor. Almeida escreveu um livro, "Memórias de un Guerrillero Cubano Desconocido", publicado na Espanha, que lança um olhar irônico sobre sua vida como membro da elite política cubana. Sua autorização para deixar o país acontece em um momento em que o governo cubano está no meio do processo de libertar 52 prisioneiros políticos, sob um acordo alcançado com o cardeal Ortega e a Igreja católica. Os prisioneiros estão sendo soltos em grupos, sob a condição de que deixem a ilha e viagem para a Espanha. A comunidade internacional aplaudiu a soltura dos presos, que se seguiu a meses de críticas intensas feitas ao governo cubano depois da morte de um dissidente em uma greve de fome e o assédio movido por partidários do governo contra mulheres familiares dos prisioneiros que realizaram passeatas de protesto pacíficas. (Por Pascal Fletcher)

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.