Dívida do Equador com BNDES supera US$ 460 mi, diz jornal

Novo valor inclui juros cobrados sobre os US$ 242 mi emprestados para financiar obras das Odebrecht

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Por Nicola Pamplona , Leonardo Goy e de O Estado de S. Paulo
Atualização:

A dívida do Equador com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social para a construção da hidrelétrica de San Francisco ultrapassa os US$ 460 milhões. O valor inclui os juros cobrados sobre os US$ 242 milhões emprestados pelo banco para financiar as obras. O novo valor veio à tona a partir de uma auditoria da Secretaria Nacional Anti-Corrupção do Equador, divulgado nesta quarta-feira, 15, pelo jornal Hoy, de Quito.   Veja também: Odebrecht não é tema de Estados, diz ministro   Com base em informações do governo local, a reportagem contesta o pagamento de bônus de US$ 13,6 milhões à Odebrecht, pela conclusão antecipada dos trabalhos, além de um incremento de US$ 4,9 milhões por capitalização de juros não cobrados durante o período de carência do contrato. Procurado pelo Estado, o BNDES não comentou o assunto.   Sabe-se, porém, que até o momento o Equador está adimplente com o banco. A próxima parcela vence em dezembro. O risco de não-pagamento do empréstimo levou o governo brasileiro a elevar o tom contra os movimentos de Quito contra empresas brasileiras. Na terça, por exemplo, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que um calote poderia pôr fim as relações comerciais entre os dois países.   Petrobras   Ainda nesta quarta, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que não acredita que o presidente do Equador, Rafael Correa, cumpra a ameaça de expulsar do país a Petrobrás. O Equador ganharia mais com a presença da Petrobras no país, proporcionalmente, do que os lucros que a empresa brasileira poderia tirar de suas operações em solo equatoriano, avaliou o ministro, que defendeu uma "solução civilizada" para o conflito.   A Petrobras não quer ser prestadora de serviço no Equador, que ainda reivindica que a estatal devolva o controle do bloco 31, nas imediações do Parque Nacional de Yasuní, ainda não explorado. A empresa explora o bloco 18, produzindo cerca de 11 mil barris diários de petróleo, e no momento negocia com o governo equatoriano sobre seus ativos no país, que inclui ainda um oleoduto que opera. Segundo o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, em declaração a jornalistas na terça-feira, as negociações no Equador estão prosseguindo dentro da normalidade e ainda não há definição sobre a situação da empresa naquele país.   "Ele (Correa) pode fazer o que bem entender, pois dirige um país soberano, mas não creio que vá fazer nada disso", declarou o ministro, após participar de audiência pública na Comissão da Amazônia, Integração Nacional e Desenvolvimento Regional, na Câmara dos Deputados. Lobão afirmou ainda que a Petrobrás não lucra com suas operações no Equador. "Ela está ali para ajudar", afirmou. Ele lembrou que a estatal brasileira tem dois blocos de exploração de petróleo naquele país e um oleoduto "que serve ao povo do Equador."   "Se a Petrobrás não for bem-vinda (no Equador), deve haver uma solução civilizada. Basta o governo dizer que não a quer lá. Indeniza, e ela sai", disse, acrescentando: "Não haverá briga por causa disso, mas não creio que isso vá acontecer, porque o Equador nada tem a lucrar com isso". Lobão afirmou que as negociações com o Equador prosseguem normalmente e que o que lê na imprensa sobre o assunto não corresponde "muito" ao que acontece efetivamente. "Os fatos não são tão graves quanto as declarações procuram demonstrar. Vejo um pouco de foguetório político."   O ministro disse que problemas como os que a Petrobras está tendo com o Equador não devem comprometer o avanço do processo de integração energética dos países sul-americanos. "Esses pequenos embaraços não podem constituir obstáculo à integração sul-americana", declarou Lobão.   Odebrecht   O Equador também está em conflito com a Odebrecht, argumentando que a construção de uma hidrelétrica executada pela empresa brasileira não foi bem feita, gerando prejuízo para o Estado equatoriano. Por conta desses conflitos com empresas nacionais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou na semana passada o adiamento da viagem de uma missão brasileira ao Equador, que teria o objetivo de apoiar obras de infra-estrutura no país andino.   Lobão reagiu com ironia ao anúncio do Equador de que expulsará a empresa Furnas Centrais Elétricas S/A, após ter ordenado a saída do país da construtora Odebrecht. "Ele (o presidente equatoriano, Rafael Correa) está expulsando o vento", afirmou Lobão, citado pela Agência Brasil. "Furnas prestou um serviço de consultoria e de fiscalização durante a construção de uma hidrelétrica e no consórcio com empresas do Equador. Não tem nenhuma instalação física, funcionário nem interesses lá", acrescentou.   Na semana passada, o Equador expulsou a Odebrecht, alegando descumprimento de contrato com relação à hidrelétrica de San Francisco, a qual a companhia construiu nessa nação andina. Esta semana, Correa disse que faria o mesmo com Furnas, que era responsável por fiscalizar a construção da hidrelétrica, inaugurada no final de 2007 e fora de operações desde junho por danos estruturais.   (Com Reuters)  

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