
31 de agosto de 2010 | 19h22
VALPARAÍSO, CHILE- Os donos da mina San José, onde 33 mineiros estão presos a 700 metros do solo desde 5 de agosto, pediram desculpas nesta terça-feira, 31, pelo desabamento do local em uma sessão na Comissão da Câmara dos Deputados.
Veja também:
Infográfico: animação mostra como será o resgate
Linha do tempo: Os piores acidentes da década
Assista ao vídeo enviado pelos mineiros chilenos
Risco de doenças é a maior ameaça
Contato com o exterior ameniza estresse
Os executivos Alejandro Bohn e Marcelo Kemeny, em meio a grande exposição da imprensa local, prestaram depoimento à comissão designada para investigar as causas do desabamento da mina onde os trabalhadores estão há 26 dias presos.
Segundo fontes legislativas, o depoimento dos dois empresários "não tem hora para acabar".
A comissão tenta determinar as responsabilidades de autoridades do governo no registro de supostas irregularidades e na reabertura da mina em 28 de julho de 2007. Ela havia sido fechada em 3 de julho de 2006, após um acidente no qual um mineiro teve uma perna amputada.
Durante seu depoimento, Bohn pediu "desculpas ao país pelo sofrimento causado" com o impacto gerado pelo enclausuramento prolongado dos trabalhadores.
O empresário detalhou ao Congresso os estudos que pediu ao Serviço Nacional de Geologia e Minas (Sernageomin) para melhorar a segurança na mina. Segundo Bohn, nos 11 meses em que o local esteve fechado, foram feitos estudos pertinentes e as rampas inseguras foram reparadas.
Neste ponto, Bohn foi enfático ao defender que "nenhum dos executivos fez pressão indevida em autoridades (para a reabertura", apesar de reconhecer que recorreram a elas "ante a paralisação parcial da mina".
Em 26 de agosto, a Justiça chilena ordenou o bloqueio de 900 milhões de pesos (US$ 1,7 milhões) da mineradora San Esteban, dona da mina San José, como medida preventiva para garantir que a empresa, com risco de falência, cumpra suas obrigações com seus 140 empregados e possa pagar futuras indenizações aos mineiros presos.
Drama
Os mineiros estão presos em um refúgio a 688 metros da superfície após o colapso na mina. Os 33 sobreviveram por 19 dias com uma dieta racionada de duas colheres de atum enlatado, um gole de leite e meio biscoito a cada 48 horas.
O único canal de comunicação com o exterior tem 15 centímetros de diâmetro. É por lá que as equipes de resgate começaram a enviar soro e rações de proteína e glicose, semelhantes às consumidas por astronautas. Dentro da mina, os mineiros contam com acesso à água e canais de ventilação.
O resgate será feito por uma perfuradora que abrirá caminho no solo. Andres Sougarret, chefe da operação, afirmou que o período para abrir um túnel largo o bastante para a passagem segura dos homens pode levar até quatro meses.
Leia ainda:
Especialistas da Nasa vão ao Chile
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.