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Empresários reclamam das pressões sobre a imprensa da Argentina

Mídia do país vive os 'momentos mais críticos de liberdade' desde a volta da democracia, em 1983

Atualização:

BUENOS AIRES - A Associação de Entidades Jornalísticas da Argentina (Adepa), anunciou em seu relatório anual que o país passa atualmente por um dos "momentos mais críticos para a liberdade de imprensa" desde a volta da democracia, em 1983. As críticas das entidades jornalísticas estiveram direcionadas contra o governo da presidente Cristina Kirchner, que desde março de 2008 manteve um constante estado de confronto com os principais meios de comunicação, especialmente o jornal Clarín e o canal de TV Todo Notícias.

 

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Segundo os empresários do setor de mídia, os meios de comunicação argentinos estão "sofrendo uma inédita campanha de insultos ao jornalismo por parte do poder político".

 

No relatório o governo Kirchner foi acusado de utilizar os meios de comunicação estatais de "forma abusiva" para "fins partidários". A Adepa também criticou a distribuição do governo para a publicidade oficial, já que privilegia jornais favoráveis à administração Kirchner, mesmo que estes sejam de baixa circulação. Além disso, as entidades jornalísticas criticaram "a recente negativa do governo em fornecer informação pública sobre as quantias" gastas na publicidade oficial por parte da presidente Cristina.

 

Nos últimos dois anos o governo Kirchner acusou a imprensa de tentar implementar um "golpe de Estado" em aliança com os ruralistas e a oposição. No ano passado o governo aprovou às pressas - e no meio de uma votação cheia de irregularidades - a polêmica "Lei de Mídia", que implica em uma série de limitações para as existentes empresas de mídia e favorece o surgimento de grupos de mídia alinhados com o casal Kirchner. A lei está temporariamente suspensa na Justiça. No entanto, o governo tenta reverter a situação com apelos nos tribunais.

 

De quebra, o sindicato dos caminhoneiros, aliado dos Kirchners, realizou bloqueios nas portas das gráficas dos jornais La Nación e Clarín, impedindo a distribuição dos exemplares em diversas ocasiões. Nessas ocasiões, a polícia, apesar de chamada, não apareceu para impedir os piquetes.

 

Segundo a Adepa, o governo demonstra "passividade" perante "ações de intimidação e violência de grupos ou setores contra jornalistas e empresas jornalísticas".

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