ENTREVISTA-Chávez diz que espera poder trabalhar com Obama

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Por MIKE COLLETT-WHITE E CINDY MARTIN
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O presidente da Venezuela, Hugo Chavez, um crítico feroz da política externa dos Estados Unidos que uma vez chamou George W. Bush de "o demônio", afirmou nesta segunda-feira que espera poder trabalhar mais estreitamente com o presidente Barack Obama. O líder esquerdista, de 55 anos, acrescentou em uma entrevista na Itália que, apesar da crise econômica global e de sinais de uma desaceleração no crescimento da Venezuela, não espera que seu país entre em recessão. Chávez estava em Veneza para a premiére mundial do filme "South of the Border", do diretor Oliver Stone, que defende o líder venezuelano. Clique para ver mais. "Eu não tenho razão para chamá-lo (Obama) de demônio, e eu espero que eu esteja certo", afirmou Chávez a repórteres em Veneza. "Com Obama, podemos conversar, nós somos quase da mesma geração, ninguém pode negar que Obama é diferente (de Bush). Ele é inteligente, tem boas intenções e temos que ajudá-lo." O documentário de Stone argumenta que a economia cresceu sob as regras de Chávez e que os níveis de pobreza caíram acentuadamente, tudo sem a ajuda de empréstimos de resgate de órgãos estrangeiros. Perguntado em uma entrevista à Reuters se o fato de a economia venezuelana ter sofrido contração pela primeira vez em mais de cinco anos, no segundo trimestre de 2009, poderia significar medidas de austeridade à frente, Chávez respondeu: "Não há recessão na Venezuela. Houve uma leve desaceleração no crescimento, mas isso é algo lógico devido à grande recessão mundial no capitalismo". "Nós tomamos algumas medidas, mas o desemprego continua caindo e a produção continua subindo. A Venezuela tem sido afetada pela crise, mas não esteve e não entrará em recessão", completou o presidente venezuelano, que sentou-se ao lado de Stone no festival de cinema. Chávez também disse que suas credenciais democráticas permanecem intactas, apesar de preocupações sobre mais ações para reprimir a imprensa independente e a oposição política. Milhares de pessoas tomaram as ruas de Caracas durante o final de semana para exprimir sua oposição ao presidente, que está no poder há uma década e diz precisar de mais 10 anos para concluir suas reformas socialistas. "Na Venezuela, nenhum canal televisivo foi fechado, apesar do fato de muitas emissoras terem apoiado um golpe de Estado", afirmou Chávez. (Reportagem adicional de Daniel Flynn, em Roma)

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