
26 de janeiro de 2012 | 20h43
Franco garantiu em entrevista à Reuters que o presidente Fernando Lugo, com quem mantém atrito constante desde que ambos chegaram ao poder, há três anos, não está passando uma mensagem clara de que protegerá os investimentos e que alguns de seus colaboradores estão controlando as ocupações.
As terras em questão, cerca de 18.000 hectares situados no distrito de Ñacunday, cerca de 400 quilômetros a leste de Assunção, pertencem a cerca de trinta colonos brasileiros -muitos deles adquiriram a nacionalidade paraguaia ou são descendentes de paraguaios- e a Tranquilo Favero, o maior produtor de soja do país.
Os produtores estão enfrentando um grupo denominado "Liga Nacional de Carperos", que reivindica a soberania e exige as terras sob o argumento de um superávit fiscal.
"É uma situação preocupante ... é uma nuvem muito densa, muito escura, que pressagia tormentas", disse Franco, um médico liberal de 49 anos que busca um lugar entre os candidatos à Presidência nas eleições gerais de abril de 2013.
"O governo é uma parte importante neste conflito, mas seu papel não está claro ... isso me preocupa porque o governo, em muitos casos, é cúmplice desta situação", acrescentou, referindo-se ao governador José Ledesma, aliado de Lugo e que Franco acusa de incentivar a ocupação de terras.
O embaixador do Brasil em Assunção disse há alguns dias que seu país estava preocupado e acompanhando os acontecimentos de perto, que ganhou de novo as manchetes quando as Forças Armadas iniciaram uma medição tentando determinar se existe o excedente. Sindicatos de produtores advertiram sobre um conflito social.
"O Brasil tem uma ideia clara: seu limite não é o geográfico, e sim o lugar onde estão seus cidadãos, aí está a fronteira do Brasil. Mas a mim não me preocupa o que o Brasil possa pensar, me preocupa dar segurança jurídica aos investidores com presença do Estado", disse Franco.
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