BUENOS AIRES - O espião argentino que está no centro do escândalo causado pela morte de um promotor público no mês passado foi acusado nesta terça-feira, 24, de contrabandear toneladas de mercadorias importadas durante seus últimos anos como diretor do serviço de contrainteligência do país.
Em sua mais recente acusação contra Stiuso, o governo disse nesta terça-feira que ele importou secretamente toneladas de bens não identificados, cuja destinação permanece desconhecida. "Concluímos que em 2013 e 2014, importações contrabandeadas foram receptadas totalizando 94 toneladas. Esses bens não foram para a SI nem cumpriram qualquer função para a agência", disse o diretor de Inteligência Nacional, Oscar Parrilli, em pronunciamento transmitido pela TV. "Muitas dessas mercadorias entraram no país sob o nome de Antonio Stiuso", acrescentou ele. Alguns agentes alfandegários também foram implicados nas operações de importação ilegal, afirmou Parrilli. Stiuso deixou a Argentina na semana passada depois de prestar depoimento à promotora que investiga a morte de Nisman. Juízes foram designados para examinar tanto as evidências contra Cristina Kirchner como aquelas contra Stiuso, de modo a garantir que as denúncias não se transformem simplesmente em casos de difamação mútua entre facções rivais no obscuro mundo da inteligência argentina. O ataque a bomba de 1994 contra um centro comunitário judeu da Associação Mutual Israelita-Argentina (Amia), em Buenos Aires, causou a morte de 85 pessoas. Os tribunais argentinos atribuíram o crime a agentes do Irã, que nega qualquer envolvimento. Stiuso é um desafeto de longa data de Cristina, desde que ela propôs a formação de uma "comissão da verdade" juntamente com Teerã para explicar o atentado, de acordo com fontes familiares com a investigação que pediram para não serem identificadas.
Após o escândalo Nisman, pesquisas de opinião têm mostrado uma queda na popularidade da presidente, já abalada em razão de uma economia em dificuldades. Ela está constitucionalmente impedida de concorrer a um terceiro mandato na eleição marcada para outubro. / REUTERS