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'Estamos cercados de francoatiradores' , diz Zelaya

Presidente eleito afirma que está em perigo e que embaixada brasileira está cercada por militares hondurenhos

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Por Redação
Atualização:

O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, disse nesta terça-feira, 22, que está "em perigo" e que a embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde está refugiado, foi "cercada" e encontra-se "praticamente militarizada". "Sabemos que estamos em perigo, cercaram a embaixada (...), jogaram bombas de gás lacrimogêneo, dispersaram pessoas a tiros", declarou. “Estamos rodeados de francoatiradores. Eles têm as armas e o povo está indefeso”.

 

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As declarações de Zelaya se referem à operação lançada pela tropa de choque da polícia de Honduras. Pela manhã, agentes e militares lançaram bombas de gás lacrimogêneo e dispararam com balas de borracha contra os seguidores do presidente deposto reunidos em frente à embaixada do Brasil. "Estamos em uma luta para que se restitua a democracia, a paz. Pedimos a colaboração da comunidade internacional", frisou Zelaya na conversa com a Rádio Caracol.

 

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O retorno clandestino de Zelaya, a quem o governo em vigor pediu a entrega por parte do Brasil para que seja preso, reascendeu os temores de violentos protestos nas ruas. Zelaya convocou seus seguidores a irem a sede da embaixada do Brasil na capital hondurenha para que manifestassem e fez um chamado para que as forças armadas de seu país respeitassem o povo. "A embaixada está cercada de policiais e militares... prevejo ataques mais agressivos e violento, que serão capazes de invadir até a embaixada do Brasil", disse Zelaya.

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O toque de recolher - das 16h às 7h locais - foi imposto ontem pelo governo de Roberto Micheletti, logo após o Brasil ter confirmado que Zelaya estava na embaixada. À noite, o presidente de facto determinou a ampliação da medida, por mais 24 horas, e ordenou a suspensão dos voos internacionais. Os aeroportos do país também estão fechados.

 

O único "acordo pacífico" possível em Honduras "só pode ser considerado se a vontade do povo, que me elegeu como presidente, for respeitada", ressaltou. "O sangue está correndo" em Honduras "desde o dia do golpe de Estado", mas "esta batalha sabemos que temos que ganhá-la de qualquer maneira", concluiu Zelaya.

 

Questionado sobre a presença de seus seguidores nos arredores da sede diplomática brasileira, que podem ser reprimidos pelas autoridades locais, Zelaya pediu a intervenção da Organização dos Estados Americanos (OEA). "Eles [as autoridades do governo de facto] têm as armas, as bombas, os canhões, os tanques, o povo está indefeso, pedimos que apliquem a Carta Democrática da OEA". Neste sentido, como determina a Carta Democrática, Zelaya pediu que "se busquem ações imediatas por uma saída [desta crise] no menor tempo possível. Estamos em estado de sítio. Fecharam os aeroportos, foi imposto o toque de recolher".

 

Retorno

 

Sobre os meios utilizados para retornar a Honduras, após duas tentativas frustradas anteriormente, ele declarou apenas que contou "com a cooperação" de diferentes membros do povo hondurenho e passou "por diferentes lugares".

 

O ministro da Defesa do governo de facto de Honduras, Adolfo Lionel Sevilla, afirmou a um jornal local que "uma embaixada de um país sul-americano" ajudou o presidente deposto Manuel Zelaya a voltar ao país. A declaração de Sevilla, dada na noite de segunda-feira, não cita qualquer país específico, mas apenas ressalta que a nação supostamente envolvida "não é a Venezuela". Segundo o ministro, essa embaixada de um país sul-americano forneceu um carro a Zelaya. Sevilla disse que o presidente deposto entrou na delegação diplomática do Brasil por volta das 3h de segunda-feira, "em um carro de uma embaixada".

 

Sevilla falou ao jornal hondurenho El Heraldo. Segundo o próprio diário, porém, outras fontes asseguram que o carro utilizado por Zelaya para a operação era de um político local. O jornal espanhol El País afirmou, em reportagem, que Zelaya utilizou um avião militar venezuelano para parte do roteiro de seu retorno. Segundo o diário, a aeronave levando o líder deposto pousou no domingo à noite em San Salvador. Mesmo não tendo o pouso autorizado, o avião concluiu a manobra.

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Em seguida, uma comitiva de dirigentes da governista Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN), encabeçada pelo deputado Sigfrido Reyes, encontrou-se no próprio aeroporto com Zelaya. Micheletti disse que Zelaya passou ainda pela Guatemala, antes de chegar a Honduras. O presidente de El Salvador, Mauricio Funes, confirmou a visita de Zelaya no domingo , mas indicou que desconhecia que se dirigia a seu país.

 

"Nem ele (Zelaya) nem seu chanceler (Patricia Rodas) não fez qualquer solicitação como Governo mais que a de permissão para aterrissar, isso é o único que fizemos", declarou Funes em entrevista coletiva, ao ser consultado sobre a chegada do governante deposto.

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