Estudantes venezuelanos entregaram nesta quinta-feira, 28, um documento em protesto pelo racionamento elétrico na sede da Corporação Elétrica Nacional(Corpoelec), no quarto dia de manifestações contra o governo Chávez.
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Ao menos três estudantes ficaram feridos enquanto caminhavam em direção a estatal, quando supostamente foram dispersados pela polícia militar com tiros de borracha e gás lacrimogêneo, segundo informou a imprensa local.
Chávez exigiu que os oficiais atuem em defesa da "autoridade", e negou que os efetivos policiais "reprimam" os manifestantes, como denunciaram alguns setores da oposição.
Durante um ato transmitido obrigatoriamente pela rádio e televisão, Chávez acusou os estudantes de serem "marionetes" de "uma direita fascista que quer mortos" como parte de um plano que trata de tirá-lo do poder.
O movimento estudantil saiu às ruas de Caracas e do interior do país desde segunda-feira em protesto pela suspensão do sinal do canal à cabo Rádio Caracas Televisão Internacional (RCTVI), muito crítico em relação ao governo, e pelos problemas no fornecimento de água e eletricidade que afetam o país.
Os confrontos mais graves ocorreram na cidade de Mérida, onde dois jovens morreram, um de 16 anos e outro de 28, vítimas de disparos enquanto participavam de manifestações a favor e contra as políticas chavistas.
Posteriormente, o governo decretou a suspensão do racionamento elétrico no estado de Mérida.
"Uso de crianças e adolescentes"
O Ministério Público venezuelano informou nesta quinta-feira, 28, que investiga o suposto "uso de crianças e adolescentes" nos protestos de rua dos últimos dias em Caracas pela suspensão das emissões da RCTVI, que critica frequentemente o governo Chávez.
Em um comunicado, o MP informou que o fiscal 101 da área metropolitana de Caracas, Harvey Gutiérrez, está à frente da investigação, e "ordenará as diligências pertinentes ao caso a fim de determinar as responsabilidades penais correspondentes".
O documento oficial afirmou que um grupo de estudantes universitários foi ao MP e responsabilizou "os diretores de colégios por supostamente permitir, de maneira consciente, que crianças e adolescentes participem em marchas que buscariam desestabilizar o país".
Os denunciadores não foram identificados e também entregaram "um documento no qual se solicita acelerar as investigações dos atos de violência registrados em Mérida".