
18 de dezembro de 2007 | 14h40
Em meio a conflitos políticos e sociais que atingem a Bolívia, o presidente Evo Morales afirmou nesta terça-feira, 18, que o racismo existente em seu país é um dos principais fatores que contribuem para o agravamento da crise. Em pronunciamento na cúpula do Mercosul em Montevidéu, o presidente disse ainda que nem o alto escalão do Exército tem autorização para atirar contra o povo, e pediu uma investigação internacional para apurar as mortes durante protestos na cidade de Sucre. O líder também recebeu apoio de outros presidentes do bloco. "Não sabia que a política é tão suja", disse Morales, se defendendo das acusações que o apontam como ditador e seu governo como assassino. Evo complementou sua fala ratificando seu respeito pelos direitos humanos. "Todos sabem que minha origem é da luta como dirigente sindical e pela defesa dos direitos dos pobres e indígenas do meu país, e hoje, mais do que nunca, reivindico essas idéias e posturas", acrescentou. "Em meu país, já me disseram que só os pobres podem tratar dos problemas dos pobres e, como essa é minha origem, acho que estou em condições de ajudá-los. Como presidente boliviano, é meu dever governar para todo meu povo, mas está claro que os pobres são os mais necessitados. Eu cheguei à Presidência com o apoio dos mais humildes e não me esqueci disso", disse. "Há grupos que impulsionam e praticam o racismo, que falam de maneira depreciativa dos índios e se opõem de maneira sistemática a nosso governo", afirmou. Ainda segundo Morales, "há grupos de empresários que apóiam o governo, mas recebem pressões e são intimidados para que mudem sua atitude". "Se não resolvermos o problema social dos camponeses e indígenas na Bolívia, não serão resolvidos os problemas econômicos e de desenvolvimento do país", afirmou o presidente. Divergências A Bolívia enfrenta uma grave crise desde o dia 24 de novembro, quando, em primeira instância, um novo texto constitucional foi aprovado. Em 8 e 9 de dezembro, o novo texto foi aprovado e deve ser submetido a um referendo que Evo classificou sábado, 15, como a "última batalha" contra a oposição.
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