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Ex-aliado vai depor contra o casal Kirchner

Ex-diretor do serviço secreto é convocado como testemunha em investigação sobre enriquecimento ilícito

Por Ariel Palacios e de O Estado de S. Paulo
Atualização:

Sergio Acevedo, ex-diretor da Side (Secretaria de Inteligência) - o serviço secreto argentino - e ex-governador da Província de Santa Cruz, se transformou na nova dor de cabeça do casal Cristina e Néstor Kirchner. Acevedo, que até bem pouco tempo era o homem de confiança dos Kirchners, foi convocado ontem pelo juiz federal Julián Ercolini para prestar depoimento sobre o enriquecimento ilícito e o envolvimento de Cristina e Néstor em associações ilícitas.

 

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O ex-chefe dos espiões argentinos afirmou que houve "roubo" e desvio de dinheiro para a cúpula de ambos os governos dos Kirchners. Nunca antes um ex-integrante do círculo de amizades do casal presidencial havia se colocado à disposição para confirmar eventuais casos de corrupção nas presidências de Cristina e Néstor.

 

Ercolini é o juiz encarregado de investigar a suposta participação dos Kirchners em uma associação ilícita que teria favorecido empresários amigos do casal em contratos superfaturados do Estado. Em 2003, quando Néstor chegou ao poder, Acevedo foi designado diretor da Side. Em 2004, tornou-se governador da Província de Santa Cruz, feudo político do casal. No entanto, em 2006, caiu em desgraça por não conseguir dissipar as manifestações locais contra o governo e teve de renunciar.

 

No início deste mês, a divulgação da declaração de bens dos Kirchners, entregue ao Departamento Anticorrupção, causou um grande furor na opinião pública, já que mostrava que o patrimônio do casal havia passado de US$ 4,68 milhões para US$ 12,1 milhões entre 2007 e 2008, coincidindo com o primeiro ano da presidente Cristina no governo. "Esse aumento implica em uma rentabilidade que só as atividades ilícitas possuem", ressaltou Acevedo.

 

Cartel

 

Também provocou polêmica o exuberante crescimento que a fortuna do casal teve desde a posse de Néstor, em 2003. Quando assumiu a presidência, os Kirchners tinham US$ 1,78 milhão declarados. Hoje, seis anos depois, têm US$ 12,1 milhões. Segundo Acevedo, o aumento parece "suspeito", já que no país, "as coisas não andaram tão bem para o resto da população".

 

"Os Kirchners compraram terrenos do Estado em El Calafate (cidade turística na Província de Santa Cruz) por 7,20 pesos (US$ 1,80) o metro quadrado. E, sem colocar um só tijolo em cima, venderam os mesmos terrenos por mais de 300 pesos (US$ 78,76) o metro quadrado", afirmou o ex-espião.

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Acevedo também sustentou que as obras públicas em Santa Cruz estão todas "cartelizadas". De acordo com o ex-chefe de inteligência, quando ele governava a província de 200 mil habitantes, "pagávamos 30 milhões de pesos (US$ 7,87 milhões) por mês em obras". "Dois meses depois que deixei o governo, estavam pagando mais de 100 milhões de pesos (US$ 26,24 milhões). Não preciso dizer mais nada."

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