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Ex-presidente colombiano agita política local pelo Twitter

Álvaro Uribe mandou mensagens sarcásticas sobre a políticas do atual presidente, Juan Manuel Santos

Atualização:

BOGOTÁ - O ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe está furioso com os rumos que seu sucessor, Juan Manuel Santos, vem seguindo. E está informando todo mundo disso, através de sua conta oficial no Twitter (@AlvaroUribeVel), como informa nesta sexta-feira, 10, a Reuters.

 

Veja também:blog NUESTRA AMÉRICA: Os presidentes twitteiros

 

Mensagens irônicas enviadas a seus mais de 470 mil seguidores no microblog vêm mantendo Uribe no centro das atenções no país, causando desconforto a Santos, que foi ministro da Defesa no governo de Uribe.

 

Ironicamente, a briga travada através do Twitter está ajudando Santos a romper com seu passado e forjar seu caminho próprio como líder de uma economia em franco crescimento.

 

'Concessão à guerrilha'

 

Uribe vem criticando especialmente a legislação inovadora de Santos, que prevê reparações para as vítimas do conflito armado colombiano e a devolução de terras tomadas de camponeses por latifundiários e paramilitares de direita.

 

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O ex-presidente, cuja repressão apoiada pelos EUA contra a guerrilha esquerdista é vista como responsável por fazer da Colômbia um lugar mais seguro, vê a lei como concessão à guerrilha.

 

"Churchill: apaziguamento de terroristas os faz crescer", tuitou Uribe em 23 de maio desde Londres, parafraseando o líder britânico conservador da época da 2a Guerra Mundial. "Combater o terrorismo não é algo que todo o mundo goste de fazer, mas beneficia a todos. Não recuemos", acrescentou o ex-presidente na quinta-feira.

 

Guerra unilateral

 

Depois de liderar a Colômbia por oito anos, Uribe está tendo dificuldade em ajustar-se à vida longe do poder, de acordo com Michael Shifter, diretor do instituto de estudos Diálogo Interamericano, de Washington. Por enquanto a guerra no Twitter é unilateral, porque Santos (@JuanManSantos) vem evitando um desentendimento público e enviou apenas mensagens em tom respeitoso, admitindo que está partindo das realizações de Uribe para transformar a Colômbia, hoje uma economia em franco crescimento com base no petróleo e na mineração. Recentemente, porém, Santos expressou sua frustração, tuitando que não vai ficar "incomodando o presidente em exercício" quando deixar o poder. Mais tarde ele suavizou o comentário. Por trás das farpas estão diferenças políticas, sociais e culturais profundas entre Santos, representante típico da elite urbana da Colômbia, e Uribe, filho de um conservador criador de gado que foi assassinado por guerrilheiros. Adversários e escândalos

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Santos foi eleito no ano passado para dar continuidade às políticas de Uribe e se beneficiou da grande popularidade do ex-presidente. Contudo, horas apenas depois de chegar ao poder, em agosto passado, ele mostrou que se nortearia por seus próprios princípios. Ele restaurou as relações com um inimigo de Uribe, o esquerdista presidente da vizinha Venezuela, Hugo Chávez. A medida revoltou Uribe, que afirma que Chávez ainda está dando abrigo a guerrilheiros colombianos. Santos nomeou adversários de Uribe do Partido Liberal, ao qual pertencia no passado, para cargos no gabinete. Eles vêm trazendo à tona casos de corrupção na administração Uribe, como um escândalo em torno de subsídios agrícolas. "É uma divisão importante. O que está acontecendo é que o pêndulo está voltando para o centro, enquanto Santos está recuperando sua vocação política pessoal", disse Humberto De La Calle, ex-vice-presidente da Colômbia.

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