Ex-presidente da Venezuela Carlos Andrés Pérez morre aos 88 anos

Durante seu primeiro Governo, que começou em 1974 e terminou em março de 1979, nacionalizou a indústria petrolífera

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Atualização:

O ex-presidente da Venezuela Carlos Andrés Pérez, que faleceu no sábado, 24, aos 88 anos em Miami de um enfarte, nacionalizou a indústria petrolífera e criou as empresas públicas de aço e alumínio, e foi o primeiro governante a ser reeleito e a não terminar um mandato ao ser cassado pelo Congresso.

 

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Pérez nasceu em Rubio, um povoado situado na cordilheira andina, muito perto da fronteira colombiana, em 27 de outubro de 1922, e foi presidente da Venezuela em duas ocasiões: de 1974 a 1979 e de 1989 a 1993.

 

Décimo primeiro dos 12 filhos de um modesto cafeicultor de origem colombiana, em 1938 se incorporou ao Partido Democrático Nacional (PDN), criado no ano anterior pelo advogado e jornalista Rómulo Betancourt Bello e do qual depois surgiria Ação Democrática (AD).

 

Em 1946 foi eleito deputado da Assembleia do estado de Táchira e da Câmara dos Deputados do Congresso Nacional. Em novembro de 1948 foi detido junto a vários ministros do Governo constitucional de Rómulo Gallegos, e após permanecer um ano na prisão modelo de Caracas, em 1949 foi expulso do país.

 

Viajou para Curaçau e depois para Bogotá, mas em 1949 as autoridades colombianas o puseram na fronteira venezuelana, onde foi detido por ter conspirado da Colômbia contra o regime militar da Venezuela.

 

Posteriormente, foi expulso do país pelo Governo militar de Marcos Pérez Jiménez para o Panamá, e dali viajou para Cuba, onde estava asilado Rómulo Betancourt.

 

Derrubado em Cuba o Governo de Carlos Prio Socarrás, viajou à Costa Rica, onde seguiu os estudos de Direito e trabalhou como jornalista.

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Em 1958, após a queda de Pérez Jiménez, retornou à Venezuela e se dedicou à reorganização de seu partido, o Ação Democrática.

 

Durante a segunda Presidência de Rómulo Betancourt (1959-1964), desempenhou o cargo de diretor-geral do Ministério de Relações Interiores e enfrentou os grupos guerrilheiros que, inspirados na revolução cubana, operavam no país.

 

Em 1973 foi o candidato do AD às eleições presidenciais, que ganhou por uma ampla margem.

Durante seu primeiro Governo, que começou em 1974 e terminou em março de 1979, nacionalizou a indústria petrolífera (1976), desenvolveu a indústria do alumínio e aumentou a produção de aço, tudo isso ao mesmo tempo em que caíam os índices de desemprego.

 

Impedido pela Constituição da Venezuela a aspirar a um novo mandato durante dez anos, em 1987 Pérez derrotou outros candidatos do AD e em 4 de dezembro de 1988 voltou a ganhar as eleições presidenciais para se transformar no primeiro venezuelano eleito em duas ocasiões como chefe de Estado.

 

Duas semanas após subir à Presidência, em 17 de fevereiro, assumiu um plano de austeridade muito rigoroso, propício pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que desencadeou no final do mês um levantamento popular.

 

A crise foi sufocada a sangue e fogo pelo Exército, que provocou centenas de mortos.

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Em 4 de fevereiro de 1992 superou uma primeira tentativa de golpe de Estado liderado pelo então tenente-coronel Hugo Chávez, atual presidente venezuelano, e uma segunda tentativa do mesmo grupo de militares em 27 de novembro do mesmo ano.

 

Em 26 de maio de 1993, com sua popularidade muito debilitada, a Corte Suprema de Justiça ordenou seu processo por supostas irregularidades no manejo de fundos da verba secreta, um fato sem precedentes na história venezuelana.

 

Em agosto desse mesmo ano, Pérez foi cassado pelo Congresso, com o que se tornou o primeiro governante do período democrático, que começou em 1958, a não terminar um mandato.

 

Aos 18 de maio de 1994 a Corte Suprema de Justiça ordenou sua detenção preventiva e esse mesmo dia foi levado para a penitenciária do Junquito, a 20 quilômetros de Caracas.

 

Foi expulso do partido Ação Democrática (AD), o que pôs fim a 57 anos de militância, e em julho de 1994 passou à situação de prisão domiciliar.

 

Pérez voltou à cena política em março de 1997, quando apresentou seu novo partido, o Movimento de Abertura e Participação Nacional, mas em abril de 1998 um tribunal ordenou sua prisão domiciliar por novas acusações de enriquecimento ilícito

supostamente cometido em seu segundo mandato.

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Desta vez, Pérez e sua companheira, Cecilia Matos, foram acusados de ocultar dinheiro público em contas abertas em Nova York.

 

Devido a esse caso, Pérez saiu da Venezuela e viveu como foragido da justiça entre Miami, Nova York e República Dominicana.

 

Casou em 1948 com sua prima Blanca Rodríguez Rodríguez, com a qual teve 6 filhos. Posteriormente, se casou com Cecilia Mats, com quem tinha duas filhas.

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