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Farc comparam governo colombiano a 'Pinóquio' em pleno diálogo de paz

Atualização:

As Farc compararam nesta quarta-feira o governo colombiano com o personagem "Pinóquio", uma das mais fortes reações da guerrilha à acusação repetida de que tirou terra dos camponeses em meio ao conflito armado interno a que tentam pôr fim em um diálogo em Cuba. Durante as discussões da espinhosa questão agrária, a primeira da agenda de negociação de paz e sobre a qual ambas as partes só reconheceram "aproximações", o governo do presidente Juan Manuel Santos agilizou a devolução de terras que garante que foram ocupadas ilegalmente pelas Farc. "O governo colombiano se parece com Pinóquio, cada vez lhe cresce mais o nariz", disse em Havana a jornalistas um dos negociadores das Farc, Jesús Santrich. Em diversas ocasiões, o grupo rejeitou ter pego terras dos camponeses. O ministro colombiano da Agricultura, Juan Camilo Restrepo, voltou a indicar a guerrilha na terça-feira, quando anunciou que serão recuperados 100.000 hectares de terras que foram ocupadas de maneira irregular para entregá-las a camponeses pobres. "(Chamar de) Pinóquio é estúpido", enfatizou Santrich pouco antes de ingressar no Centro de Convenções de Havana, onde ocorre a quarta rodada de negociações entre o governo colombiano e as Farc. A guerrilha de inspiração marxista e o governo iniciaram em meados de novembro um diálogo no qual discutem o tema agrário, o fim do conflito, as garantias para a participação política, o narcotráfico e a indenização às vítimas. Ainda estão no primeiro ponto. Durante as negociações, ambos questionaram a disposição real de seus parceiros de alcançar a paz e rejeitaram os bombardeios, ataques e sequestros que aumentaram nas últimas semanas. As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), consideradas terroristas pelos Estados Unidos e pela União Europeia, apresentaram propostas que, entre outras coisas, pedem medidas para tirar da pobreza os camponeses e desenvolver a produtividade da terra colombiana. A equipe negociadora do governo, liderada pelo ex-vice-presidente Humberto de la Calle, não deu declarações nesta quarta-feira, mas ao término do ciclo anterior, em 10 de fevereiro, garantiu que o "bom ritmo" do diálogo dependerá da manutenção da agenda acordada. "Uma coisa é o que as Farc dizem em público como parte de sua plataforma ... E outra coisa é o que se fala na mesa", disse em comunicado. As duas partes concordaram em manter em total discrição o desenrolar das negociações, alegando que no passado o uso desmedido de microfones fez fracassar tentativas similares de se chegar à paz em uma nação que já sofreu com milhares de mortes e o desalojamento de pessoas em meio século do conflito sangrento. (Reportagem de Rosa Tania Valdés)

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