Fidel faz 83 anos com Cuba na sua maior recessão em décadas

Pouco mudou desde que Raúl Castro assumiu o poder; país permanece travado por excesso de burocracia

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Por Efe
Atualização:

O líder cubano Fidel Castro celebrará na quinta-feira, 13, seu aniversário de 83 anos, o quarto desde que uma doença no intestino o afastou do público e da presidência. A comemoração ocorre com a ilha em sua recessão mais profunda desde que acabaram, há duas décadas, os subsídios da União Soviética.

 

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Seu irmão e sucessor, general Raúl Castro, de 78 anos, determinou medidas "nada agradáveis" e cortes no orçamento, pede aos cubanos que voltem ao campo para trabalhar em terras cultiváveis que o Estado manteve ociosas por décadas e promove o uso de bois para suprir a falta de tratores e gasolina.

 

O primeiro vice-presidente, José Ramón Machado, de 79, diz que não há outra alternativa a não ser trabalhar e produzir, e apertar ainda mais o cinto.

 

Não são esperadas grandes comemorações de aniversário em um país com prateleiras vazias não apenas nas vendas de alimentos subsidiados, mas também nos supermercados normais, onde os cubanos que conseguem dinheiro completam o que a cartilha de racionamento não cobre.

 

Porém não faltam presentes, como um "Dicionário de Pensamentos" com 1.978 frases de seus discursos e entrevistas, distribuído no sábado, 8, em Havana, ou a exposição que 30 artistas dedicaram ao aniversário em Camaguey.

 

Ainda que tenha deixado o poder, trocado o uniforme verde oliva por roupas esportivas de marca e não fale em público há quase 37 meses, Fidel segue sendo o líder da revolução que completou 50 anos em janeiro passado e tem visível influência sobre o governo e os 11,2 milhões de cubanos.

 

Há infinitas versões sobre o alcance desta influência, desde aquelas que afirmam que o irmão menor não move uma palha sem permissão, até as que juram que o mais velho está totalmente afastado do poder, passando pelas que citam um "regime bicéfalo" com domínios separados.

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Fidel é o líder, reitera Raúl Castro, que o dedica alguns "vivas" nos discursos e diz que consulta suas decisões, enquanto a imprensa oficial segue dedicando mais espaço ao comandante do que ao general.

 

Segundo organismos de direitos humanos, nada mudou desde 2006 nesse campo, apesar das expectativas despertadas por Raúl Castro, o que muitos imaginaram quando ele disse que não queria nem "restaurar o capitalismo" nem "entregar a revolução".

 

Tampouco chegou a liberação econômica que alguns aguardava, pois as escassas reformas aplicadas somente buscam tornam eficiente um Estado travado por overdoses de ideologia e burocracia, ou renovar o poder submetendo acusados de traição para "expurgos stalinistas", disseram diplomatas europeus.

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