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Foge da Bolívia líder oposicionista acusado de corrupção

Atualização:

O governador da principal região produtora de gás na Bolívia, suspenso recentemente após ser acusado de corrupção, fugiu do país esta semana, depois de negar-se a comparecer perante o juiz que o investiga, informaram nesta sexta-feira fontes diplomáticas. O governador centro-direitista Mario Cossío, opositor do presidente Evo Morales, de esquerda, juntou-se a mais de uma dezena de políticos que nos últimos anos --especialmente depois da posse de Morales-- buscaram refúgio no exterior, evitando assim serem julgados por casos que vão de delitos econômicos até o assassinato de rivais políticos. O primeiro secretário da Embaixada da Bolívia no Paraguai, Carlos Urquizo, disse por telefone à rádio Erbol que Cossío, uma das figuras mais destacadas da oposição, chegou a Assunção por via aérea em data não especificada e viajou para Lima, em 21 de dezembro, em um voo comercial. "Recebemos essa informação do setor de Migrações do Paraguai e a repassamos ao governo da Bolívia", afirmou o funcionário diplomático. Mas a Chancelaria paraguaia disse posteriormente em um comunicado que Cossío apresentou na quinta-feira uma solicitação de refúgio que será respondida no prazo de 90 dias pela Comissão Nacional de Refugiados.. "O órgão (Conare) expediu um documento de duração provisória, através do qual se autoriza ao cidadão boliviano a residir no território paraguaio até que o caso seja resolvido", acrescenta o comunicado, contradizendo a versão da suposta viagem de Cossío ao Peru. O chanceler paraguaio, Héctor Lacognata, declarou à rádio La 970 que só conhecia o caso pelo que foi divulgado na imprensa e garantiu que uma solicitação de asilo seria processada com objetividade e profissionalismo, à margem da proximidade entre os governos do presidente paraguaio, Fernando Lugo e de Morales. Vários ex-ministros bolivianos acusados de corrupção obtiveram nos últimos anos refúgio político no Peru, o que causou tensão nas relações entre os dois países. Cossío integrava um grupo de três governadores opositores. Ele tinha sido reeleito governador de Tarija em abril, mas foi suspenso em 16 de dezembro para ser julgado por corrupção em uma compra milionária de cimento, depois de uma denúncia apresentada por um de seus colaboradores. Com a queda de Cossío, o Movimiento ao Socialismo (MAS), de Morales, passou a controlar sete dos nove governos regionais. (Por Carlos Alberto Quiroga, com reportagem adicional de Claudia Soruco em La Paz e Mariel Cristaldo em Assunção)

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